domingo, 29 de maio de 2011

O circo tava armado, mas na correria louca da semana passada, deixamos passar batido. Com os “cacos aleatórios” (400 real!!!!!) construímos o nosso pitaco sobre o assunto e ficamos na nossa... Nenhum comentário ou empenho para saber o que realmente se tratava.  Pô, um assunto pra lá de importante e sério!!!


A origem foi a adoção de um livro didático pelo MEC onde um dos capítulos discorre sobre a linguagem popular, tipo “nós veio, nós pega o peixe”. E aí deu no que deu respeitável público, o confronto do século: de um lado os partidários da Norma Popular e do outro os da Norma Culta.


Os post’s aqui do Tyrannus são motivados por questionamentos, indagações, curiosidades, mas o que conduz cabe sob medida numa frase de Caetano Veloso: “é incrível a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer”. Existe esse momento para as coisas acontecerem, nada acontece antes nem depois.

Aprendemos na escola que a língua portuguesa originou-se do latim vulgar, aquele que era falado pelo povo, distante do latim erudito dos filósofos e estudiosos da época e nem por isso nos sentimos inferiorizados. Aparentemente é melhor vingar de uma língua vulgar do que não conseguir sobreviver, como aconteceu com o latim erudito: mórreu! Mentira, a língua é o patrimônio, a alma de um povo.



A crase não foi feita pra humilhar ninguém, mas humilha o tempo todo



Por que temos essa dificuldade em aceitar as coisas? É só olhar nos textos dos computadores e constatar que há uma linguagem específica rolando nesse “metiê”, cada tribo, gang, turma desenvolve um dialeto que só eles entendem, os surfistas, os “malacos”, os juristas, os cientistas, enfim, a forma de comunicação brota do meio em que está inserida. Ouvi uma vez um torcedor machucado dizendo: “Quem bateu primeiro ni nóis foi eles!”. De outra vi um grileiro dizer numa TV de Cuiabá: “quem mandou nóis invadi foi seu Dantas!”. Têm coisas que precisam ser ditas e o são. E são entendidas, independente se foi na de forma culta ou popular.   







Concordamos que se deve ensinar nas escolas brasileiras a norma culta. Mas ninguém precisa ou deve ser humilhado, descartado etc, só porque não sabe se expressar com uma linguagem formal, perfeitamente adequada às normas. Uma língua é sempre algo vivo, dinâmico. Até certo ponto, é interessante que o livro adotado (e polemizado) aborde esse assunto, essa dicotomia que parece existir entre o popular e o erudito. E a relação entre os dois é que vai moldando os processos de comunicação e as modificações inevitáveis. Quando uma gíria (gírias costumam estar distante das normas cultas) é dicionarizada, por exemplo, foi a norma popular que se intrometeu na culta. Fincou o pé ali e chegou pra ficar. Resista se for capaz.


A língua portuguesa é cheia de sutilezas, difícil mesmo. Até jornalistas, esses que aloitam com palavras diariamente, sobrevivem a tropeços. E a educação no Brasil, sabemos todos, nunca foi lá essas coisas. Daí, quando surge algo como este livro onde o erro passa por um processo de “aceitação”, porque repudiar? Nós aqui do Tyrannus não cobramos dez real pelo acesso e a gente  sabemos que isso não é do nosso feitio.





Lemos e pesquisamos sobre esse bafafá na internet. Chegou uma hora em que estávamos quase formatando uma opinião própria. Mas aí, né, a gente achou um texto do João Ubaldo Ribeiro (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110529/not_imp725321,0.php) sobre o tema e... E... Bom, esse cara é foda. Escreveu o que a gente queria dizer e muito mais.

No Brasil ensinar portugues é ensinar a norma culta


Trava línguas:


“Pedro tem o peito preto. Preto é o peito de Pedro. Quem disser que o peito de Pedro não é preto, tem o peito mais preto que o peito de Pedro.”


“A aranha arranha a rã.
A rã arranha a aranha.
Nem a aranha arranha a rã.
Nem a rã arranha a aranha.”


De Bilac a Caetano



"Última flor do Lácio, inculta e bela,
Es, a um tempo; esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela..."
(A última flor do Lácio – Olavo Bilac)


"Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua

...Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas
Sejamos imperialistas...

...A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria: tenho mátria
E quero frátria."
(Língua – Caetano Veloso)


"Errar é humano mas também é humano perdoar." (Platão)






quinta-feira, 26 de maio de 2011

Eu conheço cada passo dessa estrada

Guariba, distrito de Colniza ao Noroeste de MT. É lá que está uma parte do Tyrannus, em missão especial. Missão especial que a gente escreve aqui é trabalhar mesmo. Honrar o salário com dedicação e a capacidade técnica que todos precisamos ter e usar no exercício de nossas funções profissionais.

Que diabo de rio, comportado, passando debaixo da ponte

Pois é, a Fátima só retorna lá pelo final de semana, mas até onde tinha e funcionava a internet, enviou fotos da sua aventura profissional. O blog, tem gente que não sabe, é coisa de duas cabeças. Eu escrevo, ela escreve. Escrevemos. Às vezes um post é parido rapidíssimo, naturalmente. Mas nem sempre é assim.

Estes girassóis são conhecidos e valiosos

Estes têm rara beleza, mas, talvez, agrointoxicados

O hábito de escrever é mais de minha parte. Pensar e repensar sobre os temas, as pautas e, principalmente, operar a coisa, produzir o post, é mais coisa da Fátima. Minha tecnofobia é muita mais aguda e crônica, ao mesmo tempo, do que a dela. Que coisa, cabe-nos esse rótulo e não há como negar.  

Vida de gado que vira arte pelo talento de Humberto Espíndola
A caminho do Guariba, passa boi, passa boiada

Mas, nós dois, fazemos tudo que for preciso pra compartilhar nossas ideias e pensamentos com todos vocês. Não sei se alguns leitores conseguem descobrir aqui o que é coisa minha, ou o que é coisa dela. Isso parece não ter importância, mas tem, porque é uma questão autoral. O Tyrannus é coisa de uma dupla. É um blog de duas cabeças. Entrosadas. Até certo ponto, porque as diferenças existem. Uma democracia com dois é mais fácil do que com centenas, milhares, milhões etc.

"Dá um gole d'água e me explica pra que lado fica o Guariba"
"Não sei. É melhor você perguntar lá no Posto Ipiranga"

Ah, e antes de finalizar esta conversa, registramos o e-mail do Gabriel Lucas, do blog  http://factoide.com.br, que replicou nossa conversa sobre a oferta cultural em Cuiabá. Por falar em oferta cultural...

... sábado tem opção pra tecnófobos e quem mais quiser

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Esparramados no sofá da sala, depois do futebol e do basquete (este emocionante), o domingo ficou querendo algo mais cult. Acionamos a nossa memória e nos lembramos de uma chamada de “O Inferno de Henri-Georges Clouzot”, documentário sobre o filme inconcluso desse cineasta, pouco conhecido, mas merecedor de todas as atenções.  Tava gravado!!!! O ciúme é o tema e o inferno.


(Ciúme... impossível discorrer sobre esse sentimento sem falar de outro sentimento avassalador: a paixão. A origem da palavra ciúme é latina zelumen e do grego zelos. Esse sentimento ambíguo pode ser uma demonstração de cuidado com o outro, mas também de egoísmo ou insegurança. Nesse clima é comum o amor se converter em ódio, “o ciúme sempre nasce com o amor, mas nem sempre morre com o amor”. Ciúme e inveja são irmãos, a inveja traz a dor pelo sentimento de inferioridade e ambos provocam sofrimento em quem não se sente merecedor).

Quando começamos a escrever sobre esse filme, finalmente, descobri porque tinha acordado nesta segunda-feira com a sensação de que tinha tido um sonho estranho. Que sonho que nada... Foi o inferno de Clouzot mesmo.



Dois, três minutos e ficamos aprisionados. O documentário, exibido pela primeira vez na televisão, mistura imagens do “making of” do que era pra ser o “Inferno”, com entrevistas de vários técnicos e cenas que, supostamente, estavam prontas para a edição final da obra. Há verdadeiras viagens visuais (arte cinética) e truques de filmagens. Seria um pecado não registrar a sutileza da trilha sonora proposta pelo diretor. Impressionante. A direção do documentário é de Serge Bromberg e Ruxandra Medrea.






Às vezes em preto e branco, outras em cores, as imagens, sempre acompanhadas por uma edição de áudio perfeita, compõem a solidez do documentário. Um casal de atores reinterpreta os protagonistas centrais da história inconclusa, um suporte interessante para esta perspicaz metalinguagem.

(Lísias, um amigo de Sócrates diz no seu discurso sobre o amor que é melhor ter uma relação com alguém que não o ame do que com alguém que o ame de verdade.  Para ele a paixão traz muitos problemas, sendo o ciúme um deles. Contrapondo Sócrates não condena a paixão, condena o ciúme exacerbado: “uma das paixões”).


Quando se sabe que “Inferno” foi realizado(?) nos anos 60, sem grandes aparatos tecnológicos, fica evidente a genialidade de Clouzot. Um cineasta que escrevia e dirigia seus filmes com paixão, domínio da técnica e da carpintaria cinematográfica. Ele explorava os atores à exaustão dentro do contexto da história. Mas também ousava nas possibilidades da estética que provém da imagem. Um artista completo. O documentário parece preencher uma lamentável lacuna, que foi a não conclusão da obra.







(Paixão vem dos gregos pathos (mesmo que dor), “toda força ou ação externa ao sujeito que provoca neste uma redução de sua capacidade de agir.” A discussão sobre o conceito de paixão para falar sobre o ciúme se justifica porque existem duas linhas de pensamento filosófico: um condena que as paixões, estando o ciúme aí incluído, e quer extirpá-las, já que não se consegue controlá-las e outro, que defende a moderação, em que a razão governa as paixões. Isto é, as paixões a serviço da razão. Você acredita nisso?) 


A beleza talentosa de Romy Schneider e a personalidade forte do ator Serge Reggiani também se sobressaem no documentário. Seja pelo talento que demonstram na arte de representar, seja pelas diferentes posturas que assumiram diante da complexidade que foi trabalhar sob a direção de Clouzot, um sujeito complicado por natureza.




O ciúme, explorado pelo inquieto cineasta, é um tema universal. Nas artes e na vida. Têm vezes que assume proporções patológicas, enquanto em outras ocasiões é apenas humano, demasiado humano. A abordagem proposta por Clouzot não é revolucionária e nem quebra nenhum paradigma. Mas expõe (estranho dizer isso, se o filme não foi concluído, mas o documentário dá conta do recado) uma obra autoral e forte. Daquelas que mexem com a cabeça da gente.
Não fica claro, ao final do documentário, porque “O inferno” de Clouzot não foi concluído. Nem precisava...




domingo, 22 de maio de 2011


Vencedor em Cannes, difícil de rolar por aqui

Cá estamos na mesma pauta, a oferta cultural de Cuiabá. Vamos dar vazão a algumas opiniões e comentários em torno do assunto, levantado no “post” anterior. Amigos que aqui moraram participaram, gente que militou e milita ainda na cultura cuiabana, consumidores de cultura e até um anônimo deu um pitaco, que nos chegou por tabela, do blog Papo de boteco (http://nogargalo.blogspot.com/2011/05/de-0-10-que-nota-voce-daria-para-oferta.html).



Reforço a minha insatisfação para com o momento atual, já que presenciei estágios mais avançados na performance cultural da terra. Meu desgosto, por exemplo, vem do fato de em quarenta anos de Cuiabá, uma única vez tive a oportunidade de assistir a uma ópera. E a terrível oferta dos cinemas que quase sempre fica centrada na lenga lenga das comédias românticas ou nos filmes americanos de pegada meramente comercial. Uma droga, pra quem gosta mesmo de cinema. Neste final de semana terminou o Festival de Cannes. É até doído ver as notícias, porque a gente sabe que os filmes que rolam em Cannes jamais viram pra cá.


No teatro sinto de falta de um grande autor, algum artista, escritor, roteirista, que saiba empreender um grande espetáculo cênico pra deixar todo mundo boquiaberto. Seria legal demais se isso rolasse, já que temos tantos e tantos grupos, nos quais tem muita gente boa atuando.


Na área da dança, aproveito a participação da Maria Hercília, parceira antiga de grandes debates e embates em torno da cultura, para indagar a quantas anda a dança contemporânea por aqui. Respeito e acho necessários os espetáculos das academias que rolam pelo menos uma vez por ano, mas eu quero é mais.
Abraços a todos por interagir com o Tyrannus. Ah, e por enquanto a média da nota para a oferta cultural é 6. Confira abaixo a participação de alguns internautas que nos acessam.

A Flauta Mágica, primeira e única ópera em MT 


hombre.
e a casa cuiabana? os sarais de quintas e sabados?
lembro que foi em cuiabá que assiti um show de mercedes sosa inesquecível e inesperado. saudade dessa terra! (Guillermo Moisés Bendezú Estupiñán)

Dou nota 5.
 Abçs  (Everton Sales)

Aliviada constato que a indignação não é pertinente somente ao nosso Grupo e aos que nos cercam. O vazio cultural é visível apesar daqueles que afirmam que o movimento está avançado. O que é avanço para eles? Percebo que a falta de conhecimento ou convivência com movimentos culturais de expressão, passados, os deixa sem referência. Compreendo-os, mas não esmoreço e sigo convicta que a transformação virá, para melhor.

Ilustrando movimentos passados entre tantos cito “A Festa Internacional do Pantanal” onde o artista contava com espaços que se não eram de honra, davam muito bem para o gasto. Eram prestigiados.

Em se falando de dança, a concorrência entre as escolas e academias foi muito saudável e de alto padrão. De Lennie Dale a Ana Botafogo, todos queriam apresentar e dar o melhor de si. Quem ganhava com isto? Os alunos, os profissionais de dança, a comunidade em geral.

Que saudades do espetáculo Mato Grosso meu Sertão com a participação da cantora regional Vera Capilé, apresentado pela Cia de Dança
Ballet de Mato Grosso. Aplaudido por grandes platéias, autoridades e imprensa em geral, manteve-se em cena por mais de 5 anos,  incentivando jovens bailarinos, formando-os  profissionalmente, educando-os para a Vida.

Outro dia deparei-me com uma inquisição, que de santa não tinha nada, envolvendo platéia e secretários, em um canal local de televisão. Lembrei-me dos fóruns, seminários, mesas redondas, encontros culturais, onde jovens e militantes  eram bem informados sobre as questões pertinentes à cultura de nosso estado. Onde andam os nossos mestres? Artistas? Sei que alguns que mudaram de profissão pela própria sobrevivência e outros, de Estado.

Será que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”?  Vale a tentativa Lorenzo e Fátima. Vale a coragem, a escrita como instrumento.

Penso que na cultura matogrossense não existe pioneirismo. Muito foi feito. Está nos autos, nos registros, existem as fórmulas. Pra que inventar se é só recomeçar... Há anos estudo um título para um livro: Como viver de dança no país do futebol! Agora, me vejo a refletir: (...) no Estado da Copa. Bem, mas isto é outro assunto. (Maria Hercilia Andrade Panosso)

Li o artigo e curti, estou em arapongas... aqui a vida cultural é um desastre... pior ainda são as pessoas que promovem a política cultural da cidade... sinto que sofremos de um grande mal no país... mas é nesta merda toda o bom é saber que vc ta firme e bem acordado... bom demais ler seus artigos Lorenzo... sinto saudades de vcs. Mil bjs ao casal (Soraya Amaral Ferla)


A questão é que existe oferta. Muitas vezes o que não existe é demanda (ou então, a “demanda” senta na praça popular e reclama que Cuiabá não tem mais nada). Como no blog vivemos a perscrutar o que Cuiabá tem de bom na cultura, acredito que um 8 é justo. Abraços (Anônimo disse...)

massa... hein... (Diogo Diógenes)

Vivi em Cuiabá, por 10 anos, e, agora, olhando o tempo vivido na cidade lembro-me a intensidade dos acontecimentos culturais pululando em várias frentes e diferentes matizes. O debate cultural era intenso com a participação das entidades e dos profissionais da cultura lutando por uma política pública de Estado efetiva e equânime. Grandes debates nos encontros promovidos pelo Fórum Matogrossense de Cultura. Até que o poder público (gestores) resolvera, manietá-lo e tentar transformá-lo num apêndice do Governo no campo da cultura. Infelizmente, olhando, daqui da Cidade onde moro o presente e o passado de Cuiabá e, porque não dizer, de Mato Grosso, descubro que conseguiram implementar a política Curupira em toda estrutura. Ou seja, olha-se para frente  mas avança para trás. É lamentável. Abraços (Sergio Brito)



Classe artística reunida, por uma política justa



sábado, 21 de maio de 2011


Praticututar (sábado e domingo na UFMT)
Um assunto recorrente cá pra nós do Tyrannus tem sido a performance e a oferta cultural de Cuiabá nesta hora. Sim, somos demasiado caseiros e um pouco exigentes quando se trata de escolher o programa. Têm vezes que a gente se põe a conversar sobre isso e as conclusões não são bem claras. Mas o assunto vem permanecendo encravado em nossas cabeças. Não é fácil.

Um dos gargalos mais evidentes é a ausência de espaços adequados, com arquitetura arrojada, acústica legal, logística para os artistas e conforto para o público. O Cine Teatro, reinaugurado há poucos anos, o que se percebe é que depois de tanto tempo fechado, abandonado pelo poder público, ficou pequeno para Cuiabá. O Teatro da UFMT também. São espaços que cabem menos que quinhentos espectadores. Quando a atração é boa, lotam, e sempre fica um público razoável do lado de fora. 




Então, o que nos resta é o Centro de Eventos do Pantanal. Lá é grande, cabe um punhado de pessoas. Mas, evento é evento, show é show. Nem precisamos nos estender nos comentários em relação a isso. Vamos em frente.

A cada ano, a cada mês, as opções culturais aquecem e esfriam. Pra quem sai de uma grande cidade brasileira e vem morar ou só passear por aqui, fica uma breve impressão de suicídio cultural. A uns seis ou mais anos o jornalista e escritor Daniel Piza, de passagem por aqui, registrou em sua coluna no “Estadão” que Cuiabá era muito carente de opções culturais. Na época, lembro-me de ter sido convocado por um leitor do Diário de Cuiabá a responder a ele, mas fiquei pensando, pensando e vi que ele não estava totalmente errado. De lá pra cá, eu diria que a cidade se desenvolveu, mas deixou de fora de seus planos, investimentos na área cultural.
 
Dá pra contar nos dedos os espetáculos, com letras maiúsculas, que vieram para Cuiabá no ano passado. A melhor peça, certamente, foi “O Púlcaro Búlgaro”, no Cine Teatro. Os inúmeros “Stand ups” e peças de apelo meramente comercial não contam, pelo menos pra nós. A salvação da lavoura tem sido o Sesc Arsenal com projetos como o Palco Giratório e o Sonora Brasil.  Cuiabá hoje tem um público exigente e acostumado com ofertas interessantes.

Arsenal é o nosso céu

Ficamos chateados é que Cuiabá já teve uma agenda cultural bacana, que cobria quase que o ano todo com eventos que estavam em ascensão. Ações culturais que se consolidavam nos cenários estadual, nacional  e algumas tinham até projeção internacional. A Literamérica... E o Salão Jovem Arte que teve vinte e poucas edições, mas o último foi em 2007? Francamente.




Temos saudades de quando o Festival de Cinema acontecia na UFMT e havia intensa interação com a comunidade universitária. Fica a impressão de que ele nunca mais foi o mesmo depois que saiu de lá, apesar de seus organizadores planejarem e promoverem uma programação variada.

Ah, e o Calango, que tornava Cuiabá um “point” nacional da música fora do eixo. Será que vai ter neste ano? E o Festival de Cururu e Siriri... vai ‘miar’? Desconfio que a situação cultural de Cuiabá está em declínio. Tô certo, ou tô errado?


Madame Saatan, calangando

 Essa angústia será que é somente nossa? Car@s amig@s, o que falta realmente ou não falta? Será que nós é que estamos comendo mosca?  Queremos ouvir sua opinião, pode ser por email e, se tiver sua autorização, vamos postá-la.  E praticutucá  um poquito mais, se você não quiser dar sua opinião, dê pelo menos uma nota de 0 a 10 (pelo-email lorenzofalcaomt@gmail.com) para a oferta cultural de Cuiabá. Depois a gente divulga a média. Vamos adiantando, a nota do Lorenzo é 6 e a da Fátima, 5. 

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Associar marcas/produtos a celebridades e/ou viceversa pode ser uma furada. A polêmica tá aberta. Caso: Sandy, massacrada por não ter nada de devassa, diz que duvida que o casal Luciano Huck e Angélica usem Niely Gold (que nem sei o que é), e que a Xuxa também não deve usar hidratante Monange. As celebridades contestaram veementemente, dizendo que usam sim os produtos que anunciam. Sempre achei estranho o modo da Xuxa usar o hidratante no rosto e ombros, sei lá... parece outra coisa. Pra mim a Xuxa deveria fazer propaganda de bolacha, tem mais a ver com ela. Vá lá entender esses publicitários.




Tá na moda e não é de hoje usar a imagem de celebridades pra vender produtos e marcas. Um dos mais recentes é o comercial do Gianecchini para uma marca de papel higiênico. Olha só, depois do último bafão, ele ficou com uma cara de bunda! Pensando bem, até que uma coisa tem a ver com a outra. Bola dentro!  Você compraria um produto anunciado pela Luciana Gimenez? Eu tenho medo de pegar burrice.  Gente, a Sandy tem cara de cerveja e ainda por cima chamada “Devassa”? Pelo amor de Deus, ela tem cara de canja de galinha... (uma idéia foi lançada!!!). O Mano Menezes tem cara de cerveja? Até que tem, mas de uma cerveja que na ta com essa bola toda. O Zeca Pagodinho tem? Tem. A Hebe e o Adoniram Barbosa sorveram a manguaça com estilo. A Odete Roitman tem cara de caldo da galinha azul? Nãoooooo!!!!! Essas celebridades que povoam os comerciais têm cara é de plim, plim.


Nóis viemos aqui prá beber ou prá conversar?



Credibilidade é tudo. Não se passa a mensagem só com esse povo global. Exceção a parte, pra Grazi: ela era pobre, não esconde o passado, come de tudo e é magra, foi BBB, é bonita, tá batalhando é a cara do povão e o povão gosta e acredita. Só falta mostrar talento.


Quem tem cara de marca/produto e o produto/marca tem a sua cara, que eu conheço, são: o Carlos Moreno da Bombril, a Gina do palito de dentes (coisa mais em desuso), o Gerson com o cigarro Continental, o Baixinho da Kaiser, o Garricha e as 7 filhinhas fazendo propaganda da Alpagartas 7 vidas (gente pobre fazendo propaganda para gente pobre), a menina do primeiro soutien. Pelé, por exemplo, não emplacou com multivitamínico que ele propagandeava, que era fraude...














Será que os caras das sandálias havaianas não sabem que quem usa seus produtos são pessoas humildes? Parece que não, pois insistem em botar nos comerciais só gente na praia, cara de gente rica, famosa (e até gente sem umbigo. Credo que coisa esquisita!!!!). Que consideração com aqueles que fizeram a marca, gente simples, humilde que vive nos sertões do nosso Brasil interiorano. Agora é moda, mas moda passa heim? Presta atenção.





Prazo de validade vencido
Quer ver uma maldade? Isabela Rosseline, a bela, associou sua imagem a uma empresa de cosméticos. Vendia beleza e juventude eterna. Não é que depois que começou a mostrar sinais de envelhecimento levou um tremendo “cai fora”. Trocaram-na por uma mais jovem!!!!! Ah, mundo ingrato!!!!

Uma gozação gostosa, de curtir? Foi golpe publicitário, de uma nova cerveja que está entrando no mercado brasileiro, que pegou os “espertinhos” do Pânico, que ficaram com cara de “pretcheca”, por causa das falsas “tchecas”. 




Louras geladas


 “The must”, o mais elegante de todos foi de Hans Stern, fundador da H. Stern. Quando pegaram a Kate Moss, no maior flagra “curtindo a mil”, o mundo empresarial fashion, que sonhava por essa oportunidade para acabar de vez com a poderosa, não perdeu tempo: contratos milionários foram cancelados do dia pra noite. No meio do furacão aparece Hans Stern, quase centenário, dizendo (com outras palavras): “Vem meu bem, pro meu colinho. Os diamantes são como você, já tiveram seus dias na lama”. E dizem que ele enxergava com um olho só




Os diamantes são eternos, segundo Hans Stern


segunda-feira, 16 de maio de 2011


As ilustrações deste post estão legendadas com frases deste cara 

Esse é um assunto que normalmente as pessoas não gostam de tocar, mas é indiscutível e irrefutável a sua certeza: a morte. Um fato idêntico ao nascimento. Quando acontecem fazem aparecer ou desaparecer alguém do cenário do mundo. Não estamos falando do sagrado, mas do mistério que ela encerra: o fim ou o começo? Ou nada? O padecer do corpo físico é compreensível, uma pessoa idosa ou muito doente é a conseqüência inevitável de um corpo cansado ou falido. E mais incompreensível e menos aceitável quando acontece com jovens ou por algo inesperado, repentino...



“Perto de mim Justin Bieber ainda é um espermatozóide.”



Morrer é tão desconhecido assim? Há filósofos que conceituam o pensamento como uma interrupção da ação, como afastar-se das atividades do cotidiano. Se a morte é a interrupção de todas as ações, então pensar é parecido com morrer? Outros já dizem que o homem é o ser que mais se angustia com a morte, transformando-o no único ser mortal. Os demais seres vivem e morrem, sem consciência da mortalidade individual.

“O frevo foi criado há 104 anos. Ou seja: só tive um ano de sossego desse pessoal pulando de guarda-chuvinha.”

Procuramos cada vez mais esquecer a morte, a vida está ta em alta, cada vez mais longa e a mensagem é viver intensamente.  Três assuntos nos levam a escrever sobre o tema: a morte de Bin Laden e o ritual fúnebre que lhe foi negado.  Outro foi o post no site do Enock sobre a decisão da população da Suíça em manter o direito de escolher quando e como querem morrer. Por último um email (daqueles que é mandado para todos) com frases supostamente ditas pelo arquiteto brasileiro, já beirando os 104 anos: Oscar Niemeyer.

“Queria muito encontrar um emprego vitalício. Só para garantir o futuro, sabe...”


Estar cara a cara com a morte. Morrer. E este texto, gente, desculpem-nos a franqueza, está morrendo. Agoniza a cada frase, cada palavra e cada letra. Nosso texto, sinceramente, morreu. Mas só morreu pra você, leitor ou leitora ingrata. Porque ele continuará vivo, azucrinando sua cachola. É o que esperamos.

“Nunca penso na morte, nunca. Vou deixar para pensar nisso quando tiver mais idade.”