Praticututar (sábado e domingo na UFMT) |
Um assunto recorrente cá pra nós do Tyrannus tem sido a performance e a oferta cultural de Cuiabá nesta hora. Sim, somos demasiado caseiros e um pouco exigentes quando se trata de escolher o programa. Têm vezes que a gente se põe a conversar sobre isso e as conclusões não são bem claras. Mas o assunto vem permanecendo encravado em nossas cabeças. Não é fácil.
Um dos gargalos mais evidentes é a ausência de espaços adequados, com arquitetura arrojada, acústica legal, logística para os artistas e conforto para o público. O Cine Teatro, reinaugurado há poucos anos, o que se percebe é que depois de tanto tempo fechado, abandonado pelo poder público, ficou pequeno para Cuiabá. O Teatro da UFMT também. São espaços que cabem menos que quinhentos espectadores. Quando a atração é boa, lotam, e sempre fica um público razoável do lado de fora.
Então, o que nos resta é o Centro de Eventos do Pantanal. Lá é grande, cabe um punhado de pessoas. Mas, evento é evento, show é show. Nem precisamos nos estender nos comentários em relação a isso. Vamos em frente.
A cada ano, a cada mês, as opções culturais aquecem e esfriam. Pra quem sai de uma grande cidade brasileira e vem morar ou só passear por aqui, fica uma breve impressão de suicídio cultural. A uns seis ou mais anos o jornalista e escritor Daniel Piza, de passagem por aqui, registrou em sua coluna no “Estadão” que Cuiabá era muito carente de opções culturais. Na época, lembro-me de ter sido convocado por um leitor do Diário de Cuiabá a responder a ele, mas fiquei pensando, pensando e vi que ele não estava totalmente errado. De lá pra cá, eu diria que a cidade se desenvolveu, mas deixou de fora de seus planos, investimentos na área cultural.
Dá pra contar nos dedos os espetáculos, com letras maiúsculas, que vieram para Cuiabá no ano passado. A melhor peça, certamente, foi “O Púlcaro Búlgaro”, no Cine Teatro. Os inúmeros “Stand ups” e peças de apelo meramente comercial não contam, pelo menos pra nós. A salvação da lavoura tem sido o Sesc Arsenal com projetos como o Palco Giratório e o Sonora Brasil. Cuiabá hoje tem um público exigente e acostumado com ofertas interessantes.
Arsenal é o nosso céu |
Ficamos chateados é que Cuiabá já teve uma agenda cultural bacana, que cobria quase que o ano todo com eventos que estavam em ascensão. Ações culturais que se consolidavam nos cenários estadual, nacional e algumas tinham até projeção internacional. A Literamérica... E o Salão Jovem Arte que teve vinte e poucas edições, mas o último foi em 2007? Francamente.
Temos saudades de quando o Festival de Cinema acontecia na UFMT e havia intensa interação com a comunidade universitária. Fica a impressão de que ele nunca mais foi o mesmo depois que saiu de lá, apesar de seus organizadores planejarem e promoverem uma programação variada.
Ah, e o Calango, que tornava Cuiabá um “point” nacional da música fora do eixo. Será que vai ter neste ano? E o Festival de Cururu e Siriri... vai ‘miar’? Desconfio que a situação cultural de Cuiabá está em declínio. Tô certo, ou tô errado?
Madame Saatan, calangando |
Vivi em Cuiabá, por 10 anos, e, agora, olhando o tempo vivido na cidade lembro-me a intensidade dos acontecimentos culturais pululando em várias frentes e diferentes matizes. O debate cultural era intenso com a participação das entidades e dos profissionais da cultura lutando por uma política pública de Estado efetiva e equânime. Grandes debates nos encontros promovidos pelo Fórum Matogrossense de Cultura. Até que o poder público (gestores) resolveram manietá-lo e tentar transformá-lo num apêndice do Governo no campo da cultura.
ResponderExcluirInfelizmente, olhando, daqui da Cidade onde moro o presente e o passado de Cuiabá e, porque não dizer, de Mato Grosso, descubro que conseguiram implementar a política Curupira em toda estrutura. Ou seja, olha-se para frente mas avança para trás. É lamentável.
Abraços
Sergio Brito