quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

São Paulo. Formigueiro humano e mobilidade urbana quase insustentável. Nem por isso deixa de ser uma cidade deliciosa. Pelo menos pra passar uns dias... Quando me pergunto se gostaria de morar lá, viver e trabalhar numa das cidades mais cosmopolitas do mundo, a resposta que me vem à cabeça é um grande ponto de interrogação. É o que eu sinto. Mas se puxar pelo meu lado mais racional, não há como negar que essa mudança seria, talvez, nesta altura dos acontecimentos, a reviravolta mais espetacular de minha vida. Antes que minha falta de coragem pra jogar-me no mundo fique por demais aparente, passemos ao parágrafo seguinte.


Impressão de Haroldo de Campos
Minhas impressões digitais em torno desse lugar são concretas. E impessoais. Caminho pelas ruas, avenidas, praças, viadutos, points culturais e sou absolutamente um anônimo a mais. As surpresas e novidades estão por todas as partes por onde passo e/ou chego. Indecisões em torno de qual o programa cultural farei espreitam meu poder seletivo que se anula diante de tantíssimas opções. Fico com medo de não otimizar o suficiente os poucos dias que passo na cidade.


Pela segunda vez acompanho o lançamento de novos editais do “Rumos”, programa de apoio e incentivo à cultura brasileira, do Itaú, que já completa 14 anos. A convite da instituição financeira. Jornalistas de ponta a ponta do Brasil são recebidos carinhosamente. Entre eles, este sujeito aqui do Tyrannus.  


Mr. Corporation



Agnaldo Farias e sua careca iluminada
 Papo cabeça


Só a programação que o Itaú Cultural oferece já me serviria. Um pocket show com a banda maranhense Criolina, tendo participação de atores clowns da Confraria do Absurdo, na cerimônia de lançamento dos editais, já estaria de bom tamanho. A exposição modernosa da torno da obra do concretista Haroldo de Campos são, digamos, prata da casa. Presencio como convidado especial essas duas opções.


Nada de concreto

Converso bastante com colegas, jornalistas culturais, que vieram de todas as regiões do Brasil. Muita informação em tempo exíguo. O “Rumos” proporciona troca de experiências entre nós comunicadores, mas, muito mais do que isso, uma visibilidade incrível da diversidade cultural deste país.  Os editais lançados privilegiam áreas como Artes Visuais; Educação, Cultura e Arte e Jornalismo Cultural. Para pleitear a participação o passo inicial é conferir a íntegra dos editais, disponíveis no site www.itaucultural.org.br/rumos. Na dura vida dos profissionais que militam na cultura, quem se dá bem nesta iniciativa torna-se um “artista com rumo”.
Pocket show


Além dessa overdose programada, arrisco uma matinê para assistir um filme que talvez nem venha pra Cuiabá, “Tetro”, o último de um grande ídolo meu. Filmado em Buenos Aires; com as sutilezas do tango; fotografia estonteante, oscilando entre cores e preto e branco; apelo dramático de arrepiar e da atriz Carmen Maura, até parece coisa de Almodóvar. Mas não é mesmo!!! É o talento exuberante de Francis Ford Coppola que se renova.


E acabou-se o que era doce. São Paulo, como sempre, me deixou saudades. Sabe... Eu gosto muito de Cuiabá. Mas é impossível ignorar a grandiosidade da completa tradução que é a (ex) terra da garoa.


Pensão macsud


Anônimo, que nem eu

Um comentário:

  1. Bacana Lorenzo. Sâo Paulo é tudo isso que você falou e muito mais. Que saudades da minha terra...
    Mas morar nem pensar...
    Josana Salles

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