O cara |
Gosto de uma frase que ouvi o pintor Gervane de Paula dizer: “Artista não é que nem banana, não dá em cacho”. É verdade. Vai chegar um tempo em que essa história de ser ou não artista deixe de ser um mito e pare de embananar a cabeça de tanta gente que tem o dom pra coisa, mas não desabrocha, ou não sabe de desabrochou, não acredita em seu potencial etc. Artista é o caralho... A música do Rubinho Jacobina explode em conceito. Da mesma forma que artista não dá em cacho (ou penca), artista é o caralho.
Depois desse preâmbulo em torno dos inventores da arte, lembro-me de outro artista plástico, grande amigo, o João Sebastião da Costa. “Existem os artistas e existem os mandioqueiros”... Não sei se sei explicar o que ele quis dizer com isso. É assim: se vire, entenda se for capaz. De qualquer maneira, classificar alguém como artista é ser genérico. É pouco. É ator, cineasta, artista plástico, músico. Ou escritor...
Esta conversa parece assumir um aspecto meio “embromation”. Então vamos lá: Nesta segundona (14/03), Dia Nacional da Poesia, será lançado o primeiro livro de Marinaldo Custódio, “Viagens inventadas – crônicas e quase contos” (Editora Entrelinhas), um paulista de Santa Albertina (vai dizer que já ouviu falar dessa cidade?!), atualmente, “pau fincado” neste Mato Grosso. Sujeito letrado, de origem humilde, que se orgulha de dizer que trabalhou no campo, e que tem mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade Federal Fluminense. Já percorreu vários veículos de comunicação de MT, quase sempre como revisor.
Seu livro, que traz ilustração de Wander Antunes na capa, tem lançamento às 20:30, no Instituto de Linguagens da UFMT (perto do parque aquático), mas a agitação começa a partir das 19:30, com uma homenagem ao poeta Antonio Sodré, que subiu pro andar de cima recentemente. São 22 textos selecionados pelo autor, que demorou pra se arriscar na ficção. Mas, depois de receber tantos incentivos de jornalistas e amigos das letras e das artes, tomou coragem e pariu.
Marinaldo está entre aqueles escritores modernos que andam dificultando a gente diferenciar o que é conto e o que é crônica. Particularmente, não me preocupo com isso. A literatura é uma arte difícil. Não basta apenas escrever bem para se tornar um escritor decente, que é aquele que define seu próprio estilo, que acrescenta, que inova, que é sincero e sabe se relacionar com as palavras e que também saiba envolver os leitores com a história que narra. Uma arte demasiado racional, mas que, nem por isso, dispensa a liberdade que precisa estar presente no processo criativo.
Ganhei o livro de Marinaldo em janeiro deste ano e aguardava seu lançamento com ansiedade. Estava com muita vontade de elogiar as letras desse autor, que primam pela simplicidade e merecem a atenção de todos. Preciso e gosto de registrar que Marinaldo chega honrando a boa tradição literária desta terra.
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