Coisas de família... eventos inusitados que aconteceram em nossa casa, nessa semana. Para hoje um post “do lar”. Na terça (27) foi a despedida de Beatriz, que passou uma semana conosco, e retornou de noitão pro Rio de Janeiro onde vive e adotou como seu porto seguro. E também na terça chegou Vítor, de manhã, da Austrália. Desde a semana passada, momentos/sentimentos antagônicos simultaneamente: felicidade e tristeza. A princípio parece difícil, mas não é, são complementares. Como dizia o poeta Odair José “felicidade não existe, o que existe são momentos felizes”. Assim seja, amém.
Raridade juntar a família. Então, fotos posadas, jantarzinho caprichado de recepção e despedida. Felicidade, alegria e um nozinho apertado na garganta que vai ficando cada vez mais arrochado, à medida que as horas passam. Finalmente, abraços, beijos, conselhos, lágrimas. E levanta voo nossa passarinha. Ainda bem que o outro tá no ninho. Em termos, o corujão passou a maior parte da noite jogando na net com os amigos. Por essa e por “outras”, ficamos meio “perdidos” na noite. Resultado: fomos dormir tarde. Família é sempre família.
"Rooonnnnc... rooonnccc...". Sete e meia da madrugada na quarta. "Paiê... paiê". "Hummm...". "Vem cá, a mamãe tá chamando". Mais uma vez enfrento garbosamente o meu grande drama/karma. Acordar cedo. Olha só, tem um filhote de bemtevi, daqueles que estão treinando os primeiros voos, no chão, bem no nosso jardim forrado de folhas secas. Preocupação a vista. Os gatos... o lagarto tiú, novo morador do pedaço. Qualquer um deles pode acabar com o sonho de Ícaro. O que sangra os nossos corações são os gritos/chamados dos pais do bichinho e, para nos assustar, dão rasantes sobre as nossas cabeças.
Meio bobó, o filhote grita e saltita, tentando um esconderijo. Os gatos acompanham a história, não demonstram nenhum interesse, pelo menos na nossa frente. Pegamos o passarinho, colocamos ele no telhado. Instantes depois, lá está ele novamente no chão. Ainda não tem a propriedade aérea soberana dos pássaros adultos. Improvisamos uma caixa de papelão, que amarramos no tronco do oiti, a sombra implacável da árvore em frente da casa. E o bemtevizinho lá dentro.
Tempo depois, na meia tarde, flagramos o lagarto tiú cada vez mais íntimo nas dependências externas da casa. Se arrasta muito à vontade e faz uma boquinha na comida dos gatos. Vai ao vasilhame da água dos bichanos. Quer o serviço completo: comer e beber. O tiú vai bem. Cada vez mais familiarizado, mais família. De vez em quando um ovo é colocado em seu caminho, na porta do cano que escoa as águas pluviais. E não é raro cruzarmos com ele no caminho da cozinha para o quintal. Antes saía assustado, desajeitado no piso escorregadio. Agora, sai lentamente, não dando a mínima pra gente. Até os gatos já se acostumaram com ele. Quer mais o quê? Casa, comida e roupa lavada...
Esse lagarto tá gostando daqui de casa. Volta a preocupação: lagartos comem quase de tudo e chegamos a imaginar sua boca seca de língua bifurcada com penugens. Cadê o filhote de bemtevi?
Ao final da tarde, saímos de casa e nada do passarinho na caixa. “Olha ele ali...!”. O puto novamente no chão. Estava no pé da árvore em frente da casa do vizinho, que também faz parte das cercanias do tiú. Enfrento novamente os rasantes dos bemtevis pais na tentativa de socorrer o filhotinho, desta feita, pousando-o no galho da árvore do vizinho.
Descemos pela rua dois do Recanto dos Pássaros, região periférica cuiabana... cerrado. Olhamos pra trás e ainda está lá o passarinho. Os pais cantam, acho que satisfeitos. Gostaríamos que ele aprendesse a voar logo e, altaneiro, soltasse sua radical onomatopéia... bemtevi. Os que estão atravancando o seu caminho, passarão. Ele, passarinho. Obrigado Mário Quintana.
Poeta passarinho |
Queridos,essa família é demais de linda!
ResponderExcluirSalve Loro e Fa
Salve Bibi e Vitor