Em muitas ocasiões de nossas vidas cai como uma luva a expressão “dar tempo ao tempo”. Alguns filmes terminam e não vale a pena comentá-los de imediato. Você sente que sua opinião ainda..., na verdade não existe opinião. A sensação é de que você está sob o efeito de um impacto que te deixou no limbo. É preciso que as ideias se ajeitem, que uma ordem se estabeleça, que o que foi visto, vivido e apreendido se sedimente. Sabe aquele bacalhau que você fez e que o restou que foi pra geladeira, pra comer no outro dia, acaba te surpreendendo com o sabor que foi apurado nesse tempo que ficou guardado? Hummmm!!!
“Exílios”, filme premiado com a Palma de Ouro, em 2004 nos pegou dessa forma. Antes de assistir, na TV Cultura, onde são reprisados os filmes da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, procuramos ler críticas e acompanhamos os comentários que precedem a exibição, com Renata de Almeida e o crítico Leon Cakoff, que é o curador e sempre pinta um convidado que tem algo a ver com a película. Para este filme, que tem a música tão presente e marcante quanto os personagens, o convidado foi o multiartista André Abujamra.
As parcas informações que tínhamos sobre “Exílio” colocavam a fita nas alturas e a gente criou uma baita de uma expectativa. E dá-lhe filme. É a história dos exilados, aqueles que deixaram suas terras em busca de uma vida melhor, e do seu retorno às origens para tentar entender quem são. O casal protagonista Romain Duris (Zano) e Lubna Azabal (Naima) decide retornar à Argélia, terra de onde seus pais vieram, e empreendem nessa odisseia cortando parte da Europa, (França-Espanha) rumo à Argélia, beiradinha da África, onde fica o país do célebre Albert Camus e do craque futebolista que fulminou o Brasil (2006) e entrou de cabeça no peito do adversário, Zinedine Zidane.
“Exílio”, dirigido por Tony Gatlif, cineasta de origem argelina e cigana, é pontuado por uma musicalidade que dá o tom, cor, sensualidade e localização dessa viagem (os ritmos variam do techno, ao flamenco e música árabe). As imagens são cheias de simbolismos e de sensualidade. Assistimos ao filme aguardando, talvez, algo inusitado ou chocante, o que acabou não acontecendo. Dormimos e, quando acordamos no outro dia, “Exílios” estava forte e vivo em nossas memórias como uma experiência positiva daquelas que enriquecem. Não chegamos a ficar em transe, como ficam os personagens na parte final do filme. Perfeitamente recomendável.
Por falar em exílio, neste domingo nos exilaremos no pantanal. A intenção é encontrar com jacarés, capivaras, tuiuiús, ipês, cambarás, céu azul, corixos, meandros... reencontrar...um, dois, três... nada mais!!!!
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