domingo, 27 de novembro de 2011

A árvore

Assistir ao filme “Árvore da Vida”, que levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2011, deu chororô aqui em casa. Lágrimas discretas e aquela coisa que incomoda. Uma sensação de aperto, de um nó arrochando a garganta e o coração. Não é um filme qualquer e ninguém fica incólume. Depois da sessão cinema em casa que começou lá pela 1h da matina de sábado pra domingo, fomos dormir, mais pensando do que falando sobre o filme. Ao despertar, a primeira conversa recorreu ao filme e não poderia deixar de ser. Não fomos imunizados das indagações e inquietudes levantadas, que mexeram e fizeram emergir conhecidos espectros.

A premiação do filme em Cannes dividiu. Nem todos acharam justo que o filme do americano Terrence Malick levasse o prêmio máximo do festival francês. Talvez porque Malick, que estreou como cineasta com um curta em 1969, tenha realizado apenas cinco longas metragens, incluindo a “A Árvore da Vida”. Também roteirista, o trabalho do cineasta tem muito mais a ver com qualidade do que com quantidade. Mestre Kubrick é outro que assim era.

Direção premiada


O filme narra recordações de uma família de classe média americana, formada por um casal e três filhos. Uma família normal, com os problemas corriqueiros. O transcorrer da vida parece ser igual para todos, sem distinção: amor de mãe é incondicional; o amor de pai é comedido; amor de filho é entremeado de dúvidas, amarguras, ciúmes, posse, incompreensão e o amor fraterno é sádico e cheio de afeto.



O diretor turbina sua narrativa de forma vigorosa, partindo da discreta família, para a criação do planeta Terra, com cenas explícitas da força da natureza que constrói condições para se fazer a vida. Um mergulho metafísico amparado muito mais nas imagens esplendorosas com bela trilha sonora, do que nas palavras propriamente ditas. A trilha é do compositor francês Alexander Desplat, incluindo músicas Berlioz, Mahler, Respighi, Mussorgski e Mozart, entre outros.
Repleto de alegorias e simbolismos, “A Árvore da Vida” vai deslizando, encantando e emocionando, enquanto fazemos um esforço em vão para tentar entender o filme em sua totalidade. Bobagem. A estrutura da narrativa é totalmente subvertida e o que vale é se deixar levar.


Atores experientes e consagrados como Brad Pitt e Sean Penn estão no elenco, além de Jessica Chastain, de quem jamais ouvimos falar. Estão convincentes, mas, quem rouba a cena é o garoto Hunter MacCracken, numa atuação impressionante como o filho primogênito. No mais, é dizer que o cinema sofisticado de Terrence Malick é arte pura. Sendo arte, é a ciência do belo, como bem definiu o filósofo, escritor e poeta francês, Paul Valéry.  





4 comentários:

  1. poxa adorei esse filme...

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  2. Oi de novo. Bem, sou fá do Malick de carteirinha - a ponto de tê-lo colocado como o diretor de quem mais aguardo sempre um novo filme, numa matéria do meu site -, e conheço toda sua carreira bissexta. Saber de sua eterna "deturpação" da lógica narrativa - concretizada pelos atos de edição rara entre as imagens e sons que só ele sabe fazer - causando bem-vindas e agradáveis sensações únicas mentais de flutuação (como só ele consegue) é uma bênção para quem gosta de CINEMA.
    Agora, meus caros dois vocês: qual a desculpa para ver essa maravilha que é o "Árvore da Vida" sentados em casa, e numa tela de TV???? Sei que o filme esteve em cartaz aí na quente Cuiabá. Por favor!! rsrs. Imperdoável, hein. Vocês não viram da missa a metade (ou 1/10).
    Beijos e abraços.

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  3. Cid, sofremos de uma preguiça físico/química inenarrável. E ainda há o agravante de que uma parte aqui do Tyrannus sofre de um mal conhecido como shoppingfobia. Todos os cinemas aqui em Cuiabá são nesses espaços barulhentos, verdadeiros templos do consumismo patológico deste século. Explicados os motivos, ainda cabe assumir que aceitamos a vossa adjetivação que remete ao bom Eastwood: somos sim... os imperdoáveis!!!

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  4. Anônimo, querida pessoa. Será que você gostou mais do filme do que a gente? Veja bem: somos dois. Dois a um pra nós...

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