quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Amigos presentes

Ítalo Calvino
Nós temos muita sorte. Amigos e parentes comumente nos presenteiam com livros. E isso é muito bom. Mauricio Leite nos apresentou a literatura infanto-juvenil e dezenas de escritores e desenhistas/ilustradores fantásticos.  Encontrar com ele é deleite com histórias primorosas, edições esmeradas e ainda sair com algum exemplar pra dar pras crianças (que crianças? nós mesmos, bobó). Mauricio, hoje, mora em Portugal. Trabalha na África, nos países de língua portuguesa levando sua mágica mala de leitura. Saudades...

"De leite"
Recentemente ganhamos de outro amigo, o Nicolas Behr (aquele de Brasília) um livro maravilhoso, “As cidades invisíveis”, de Ítalo Calvino (Companhia das Letras). O autor, cubano de nascimento, é um dos maiores escritores italianos do século XX.

Zenóbia, a cidade delgada

“As cidades invisíveis” está nos inebriando. Tal qual Scherazade provocou no seu sultão, com as histórias das mil e uma noites. Em as cidades... o narrador é o navegante e comerciante Marco Polo, que descreve ao Imperador Kublai Khan, as cidades de seu imenso império. Dois personagens universais: o primeiro, um navegante errante; o outro, imobilizado pelas dimensões grandiosas de seu poder. 


Como Marco Polo, de Veneza, desconhecia o idioma de Kublai Khan, que era da Mongólia, expressava-se através de objetos, gestos, saltos, gritos de maravilhado ou de horror, e imitação de animais. Há dúvidas se o Imperador acreditava em tudo o que o viajante lhe contava. Com o tempo, Marco Polo aprendeu a usar as palavras com desenvoltura, mas, em alguns momentos, as palavras lhe faltavam e ele voltava a utilizar os gestos e expressões faciais e corporais.
As cidades do império Khan, visitadas pelo veneziano, têm nomes femininos. Como Isidora: a cidade sonhada, que só se chega em idade avançada, portanto lá os desejos são recordações. Em Zaíra: a cidade não conta seu passado, ela o contém.  E assim você viaja a Anastácia, Tamara, Zora, Despina, Eufêmia (a cidade em que se troca de memória em todos os solstícios e equinócios), entre outras.

Isaura, a cidade dos mil poços
  
"As cidades..." visão de Nora Sturges

 “Você viaja para reencontrar seu futuro?”, pergunta Khan. “Os outros lugares são espelhos em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá”, explica Marco Polo.



Inexplicavelmente, não é um livro para se devorar com avidez. É para sorver delicadamente seu texto, que nos conecta com a realidade. E nos faz pensar qualé a da nossa cidade, esse espaço que estamos construindo?

Quem traduz essa preciosidade é ele, "a anta": Diogo Mainard


Um comentário:

  1. Recebí, lí e apreciei demáx, aúfa de bastantão. Vou ficar freguês e degustar eguá bananinha de bolitcho. Abraço a toda estrumada.

    ResponderExcluir