quarta-feira, 29 de junho de 2011


Adocica, meu amor, a minha vida
O paladar é um dos sentidos mais fortes que possuímos. Acostumamo-nos a exemplificar, identificar, reconhecer, atribuir a momentos, pessoas, a situações aos sabores que o nosso pequeno órgão, a língua, é capaz de registrar: Azedo, salgado, doce e amargo. Que quatro nada, agora são cinco sabores. Descobriram recentemente que um quinto, que recebeu o nome de umani (origem japonesa) que significa delicioso, saboroso (parece que tem a ver, melhor, sentir ao sabor picante). A gustação é função da língua, embora os aromas passem pela faringe. O sabor é uma soma do gosto e do odor, simultaneamente.

A tradição chinesa refere aos cinco sabores como algo que tem efeitos negativos e positivos, portanto devem ser harmonizados para proporcionar benefícios à saúde. Eles entram nos nossos órgãos causando efeitos específicos: o sabor ácido vai para o fígado e seu efeito é reunir e aglutinar; o sabor acre (azedo) vai para os pulmões e causa dispersão; o amargo vai direto ao coração, fortalecendo-o; o salgado vai para os rins e tem efeito amaciador e, finalmente, o doce, vai para o baço e seu efeito é retardar.   Tem sentido...

Como ia dizendo, costumamos classificar, identificar momentos, pessoas e outras coisas com sabores: Que pessoinha azeda (ranheta)! Que roupa mais salgada (cara)! Que ácido legal (êpa????)! Coisinha mais doce (chechelenta)! Pô, você é amargo que nem jiló (negativo)!


Silvana Arroz Mangano amargo

A tal da química entre dois seres é detectada pelo e no beijo. É nesse momento crucial que sentimos o sabor, cheiro e textura da boca,  da língua, da saliva, e se define (na primeira, sem segunda), se vai rolar ou não qualquer coisa.

Encontro-me numa encruzilhada, formada pelo doce e o amargo. Fico com o mel ou vou para o lado do fel?  De uma coisa tenho certeza, os dois em excesso são horríveis, enjoativos.

Última moda da gente agora é escrever separados. A Fátima se mandou lá pro fundo da casa onde fica o computador fixo e eu, aqui na sala com o laptop (aproveito pra dar uma espiada no futebol). Ela, meio que dissimulada, disse que iria escrever sobre sabores.  Hummm... E eu vou preparando meus sabores, por aqui. Tá valendo “Arroz Amargo”, “A Doce Vida”, “Amargo Pesadelo”, “O Sabor da Cereja”. Grandes filmes.  


Último ensinamento do mestre aos pequenos gafanhotos  


Quando criança eu era bastante enjoado com comida. Não gostava de quase nada. Muitas coisas que me ofereciam eu dizia que não queria porque não gostava, mas nunca tinha nem experimentado. Acho que toda criança é um pouco assim. Hoje posso dizer que são poucas as coisas que não experimentei, pelo menos em matéria de culinária e alimentos mais comuns aqui no Brasil. Experimentar novos sabores é coisa que deve fazer parte desta vida, até porque, a gente não sabe como vai ser essa história de rango numa outra vida.


Toda sexta, juro que não vou pisar
Mas, mesmo sendo um experimentador meio atrevido em relação aos sabores, devo confessar que nunca saboreei uma jaca (costumo mais pisar nelas). O tal do escargot também é coisa que meu paladar ainda não emplacou. Quem sabe um dia. Uma viagem ao oriente para submeter meu paladar ao exotismo daquelas bandas do mundo por enquanto é sonho. Experimentar alguns insetos (farofa de tanajura já provei e aprovei), quem sabe... Mas, cachorro, não.  Um cachorro quente é outra história.


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