segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A última sessão...



Profissão: Lanterninha
Maldição de cinéfilo é morar em Cuiabá!!! É verdade mas nem sempre foi assim. Nos idos anos 70 aqui tinha 4 cinemas: Bandeirantes, Tropical, Cuiabá e São Luiz. O Cine Tropical era mais bonito e tinha do bom e melhor para a época: poltronas vermelhas de couro, grandes e macias; imensos lustres e espelhos. Uma arquitetura moderna. O Cine Bandeirantes ficava numa galeria escura e erma. Era, mais ou menos, o cinema que projetava filmes para adultos. O Cine Teatro Cuiabá era o mais reba e, inclusive, houve um tempo em que apostou no cinema erótico. O Cine São Luiz, no bairro do Porto, confessamos que nunca pisamos lá. Talvez o poeta Ivens Scaff, nascido e morador durante muito tempo lá daquelas bandas, possa falar sobre aquela sala.

O tempo foi passando e mudando. O cinemas foram fechando suas portas, Primeiro o Cine Tropical, que era o point da garotada; depois o São Luiz; um longo martírio e lá se foi o Bandeirantes (último suspiro do Centro Histórico) e, por fim, o Cine Cuiabá. Uma das lembranças mais vivas dos tempos em que curti cinema em Cuiabá é a de um lanterninha - inspetor que fiscalizava e zelava pelo conforto e bom comportamento dentro das salas - por causa sua pequena, empinada e proeminente bunda, foi apelido de "Zé Bundinha". O coitado sofria na mão da garotada.

"Morte em Veneza" no Bandeirantes, vimos na década de 70 

Creio que ficamos uns 10 anos sem ver um filme na telona. A única opção, por um bom tempo, foi o cineclube Coxiponés, na UFMT. Aí chegaram os vídeos e os DVDs. E o cuiabano recolheu-se definitivamente para o seu lar, curtindo a sétima arte na telinha. Com os shopping centers, hoje, existem talvez umas 15 salas ou mais na cidade.

"Longe desse insensato mundo", no Tropical
Daqui a pouco estreiam os filmes indicados ao Oscar. E depois da entrega da premiação americana, os filmes contemplados vão chegando aos poucos. E é só! Para as empresas que definem as programações das salas locais, só o cinema americano - que é muito bom, por sinal - existe. Para quem quer se deleitar com a vasta produção europeia, ou quer ver o cinema asiático, o iraniano, o romeno e outros que apresentam títulos interessantes, a única saída é o aeroporto de Várzea Grande.





Claro que há exceções. Em 2011, por exemplo, o vencedor do Festival de Cannes, "A Árvore da Vida", foi exibido aqui. Mas é muito pouco. Queremos mais. E nos circuitos alternativos há intenções e algumas opções. O projeto Imagens em Pauta e o Cineclube Coxiponés providenciam uma tímida oferta, normalmente, programando mostras e exibições de filmes interessantes, mas, quase todas privilegiam autores e filmes muito antigos. Pra quem já viveu um bocado e acompanha a história do cinema, sinceramente, essa situação deixa muito a desejar. Ah... o cinema, esse obscuro objeto do desejo nosso de gastar as fatigadas retinas com coisas novas.

Passamos quase uma semana no Rio e é possível dizer que precisaríamos de muito mais tempo pra assitir todos os filmes que despertaram a nossa atenção. Escolhemos cuidadosamente três títulos que fizeram nossas cabeças: "Românticos Anônimos" (França/Bélgica-2011), "Um Conto Chinês" (Argentina/Espanha-2011) e "A Fonte das Mulheres" (França/Bélgica/Itália-2011). Valeu!


A fonte da vida é a mulher e o amor. Lindo!!!!

Essa breve temporada nos deixou mal acostumados. De volta a Cuiabá, ontem, até que bateu uma vontade de passear. Ir ao cinema, quem sabe. Mas com as opções tão reduzidas, a gente reduziu também a vontade e optou pelo cinema em casa, com o intrigante "Polícia, adjetivo" (Romênia-2009). E o domingo, um dia normalmente chato, foi salvo por um bom filme.



Polícia, adjetivo

3 comentários:

  1. Saudades dos matines no cine Tropical!!!!Mtos namoricos ei saudade!!

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  2. concordo com vocês... cinema em Cuiabá é uma tristeza mesmo... eu lembro de ter frequentado Cine Teatro, Bandeirantes e Coxiponés...um dia aconteceu até uma história engraçada...estudava na escola técnica e saí de tarde da aula para ver um filme no cine bandeirantes. Não importava que filme fosse, queria era gazetar aula, comprei a entrada e fiquei ali na fila esperando a sessão começar. Achei estranho ver tantos homens na fila para entrar (aliás a fila era quase só de homens) achei estranho mas entrei mesmo assim... e não é que era um filme pornô!!! Eu devia ter uns 13 ou 14 anos... imagina!!! sabe que eu fiquei até o final....risos.

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  3. Ah...estive em SP esses dias e também vi o filme "Um conto Chinês"... Amei!!! Vcs gostaram??

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