quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Visão de Barnaby Hall


É bom ficar com um olho no gato e outro no peixe
Andar de ônibus, fora dos horários de pico, tem sido uma diversão, um relax, para mim. Essas viagens urbanas, estão entre minhas fontes de inspiração. Cada percurso é uma crônica em potencial. Acho que é por causa do movimento, da locomoção. A palavra escrita, neste mundão audiovisual, com ação pra tudo quanto é lado, precisa de umas sacolejadas, solavancos e de “um certo” movimento, pra sair.

Gosto de andar de ônibus e de metrô também. É melhor ainda. Mais me sinto assim um pouco tatu – ou jeca tatu mesmo, nesse meio de transporte, que não existe aqui em Cuiabá.

Em Londres é underground o metrô. Acho chique chamá-lo assim (mas que quer dizer a mesma coisa “debaixo do chão”). Em várias outras cidades da Europa ele é conhecido como metro (será que tem a ver com o cumprimento?).  No Rio de Janeiro, há vários anos, com meu filho, fomos tomar o metrô e lá na espera disse pra ele dar sinal pro ‘trem’ parar. Uma senhora que estava ao lado não agüentou e caiu na risada.   Ele, claro, não gostou nada. Não acha graça das  minhas brincadeiras sem graça.


Tango em Lisboa


Pegar o metrô num país aonde você não domina a língua e a moeda é outra requer certo esforço mental. Nem sempre as máquinas de auto-atendimento possibilitam um diálogo claro. Aí é hora de a gente pedir ajuda.  Hora de soltar o “can you help me?’...    Em toda parte por onde andamos pedimos ajuda e sempre formos socorridos, com muita gentileza. Em Paris, já meio tarde da noite,  um jovem que vinha apressado e era a única alma por ali, nos ajudou a comprar as passagens e ainda nos orientou. Agradecemos,  olhou-nos com uma expressão de quem perdoava o tempo que lhe tomamos. E subitamente pulou a catraca.

Janela indiscreta
Outro acontecimento curioso foi numa estação, em Lisboa. Meu cartão, que eu tinha acabado de recarregar, desmagnetizou  bem na hora de passar pela roleta, fiquei meio naquela sem saber o que fazer. A estação também estava vazia, mas eis que surge um sujeito todo descoladão, passa pela catraca e a mantém aberta me chamando para eu também passar.  Um gesto simples, mas que na hora quebrou o maior galho.

Descemos até a plataforma numa conversação solta com Barnaby Hall, um fotógrafo experiente, cujo trabalho ilustra esta postagem .  Disse que se chamava Barnabé, adaptando seu nome para a língua portuguesa. Seguimos viagem com ele dentro do metro. Entramos no site do Barnaby e apreciamos suas belas fotos, lá mesmo em Lisboa. 

É o amor...

 De volta ao Brasil, há poucos dias, mando e-mail pra ele: “Salve Barnaby, na minha memória está cravado o seu socorro aos meus problemas com o metrô de Lisboa. Muito grato. Foram alguns minutos o nosso convívio, mas a conversação foi intensa. Não sei se você se lembra, mas a gente te falou que tocava um blog tyrannusmelancholicus.blogspot.com O tyrannus foi feito para reportar nossa viagem à Europa, mas ele continua firme. A gente faz dele o que quer... E queríamos fazer um post em torno do nosso breve encontro no metrô (underground, métro ou seja lá o que for)... E gostaríamos de ilustrar o texto com as imagens que você faz por aí... Fomos ao seu site e gostamos da sua fotografia. Send this mail after post anything about a brazilian friend that make good pictures... responda lá, mano... nascido em Londres, habitante de NY e das outras partes do mundo... Preciso que você me autorize a usar suas fotos e, se preferir, selecionar algumas e me enviar... abraços do lorenzo e da fátima 
- Ola!
yes - o metro do Lisboa. 
Encontraron seus amigos em Cais Soudre?
Não tem problema de utilisar  imagems, ok?!
Abraços
Barnaby” 
De boa, nos cedeu as foto que estão nesse artigo. O site do cara, para quem quiser ir lá conferir, tem fotos de várias partes do mundo por onde ele já passou, incluindo algumas incríveis do Brasil. O cyber do cara é barnabyhall.com. Um grande abraço ao mister Barnabé e que ele continue clicando por esse mundo vasto mundo.   


É a arte


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