Depois de seis anos, eis que vamos encarar os problemas da mobilidade urbana, motorizados. Um carro não fazia parte dos planos, aconteceu... um presente irrecusável. Pra um dirigir, nunca foi prazeroso, pro outro nunca soube o que é lidar com um veiculo motorizado. Não quer, recusa-se terminantemente.
Mas, nem tudo está perdido. Pelo contrário: ter um carro significa um montão de vantagens. O direito de ir e vir funciona de forma muito mais ágil (esperamos). E não sou capaz de me imaginar perdendo a paciência, sofrendo e xingando no meio desse trânsito caótico que vigora em Cuiabá (!???). Depois de ter sido pedestre por meia dúzia de anos, não vai ser um sinal fechado o objeto do desejo de meu ódio. Tem outra coisa, andar de taxi não dá mais, tá muito caro. Até um tempo atrás compensava, agora não mais.
Vou ter saudades das viagens de ônibus (não das horas que fiquei esperando nos pontos, do desconforto, do calorão), mas das pessoas, dos acontecimentos, que até me divertida, reparando nas pessoas e na cidade, pelas molduras das janelas. Essa andação de ônibus, aliás, me inspirou muitas crônicas. Posso dizer que sou um privilegiado porque, nunca precisei do transporte coletivo em horários de pico.
Mas a vida passa. Dirigindo meu gol branco, cor da paz, me antevejo num sinaleiro emparelhado com um leitor deste blog. “-Olá! Como vai? -Eu vou indo. E você, tudo bem? -Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E você?”
No trânsito louco de cada dia, a faixa de segurança combina com um diálogo amistoso. Minha vida de pedestre muita coisa me ensinou. Por exemplo, não sentir tanta raiva enquanto me locomovo pela cidade. Raiva, sabe, não presta pra nada. Pode ser resultado de uma falta de comunicação, de uma noite mal dormida... etc! “-Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo... Quem sabe? –Quanto tempo! –Pois é, quanto tempo!”
No trânsito louco de cada dia, a faixa de segurança combina com um diálogo amistoso. Minha vida de pedestre muita coisa me ensinou. Por exemplo, não sentir tanta raiva enquanto me locomovo pela cidade. Raiva, sabe, não presta pra nada. Pode ser resultado de uma falta de comunicação, de uma noite mal dormida... etc! “-Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo... Quem sabe? –Quanto tempo! –Pois é, quanto tempo!”
Êta mundão acelerado. Tempo é o que nos falta cada dia mais. Fugir dos engarrafamentos, passar os outros pra trás... Leis do bicho homem/coisas do trânsito. Até chegar num sinal vermelho e ter que parar. O palavrão quase saindo da boca pra fora. Não posso perder tempo porque meus compromissos me aguardam. “-Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios! –Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem! –Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí! –Pra semana, prometo, talvez nos vejamos... Quem sabe?”
Uma bela experiência em minha vida de pedestre, coisa recente. Atravessar a faixa e fazer com que os carros parem e aguardem minha travessia é coisa que gosto de fazer. É meu direito. É lei. Mas o faço com prudência, porque não sou suicida. Outro dia ousei e percebi que vinha um carro veloz, que freou e aguardou minha passagem. Fiquei meio sem graça e achei que o motorista estaria puto da vida... Percebi, com o canto do olho, que ele abria o vidro. “Vai me xingar”, imaginei. Virei o rosto e olhei pra ele assim mesmo. “Me desculpe... foi mal!”. O motorista arrasou.
Direção defensiva é isso aí e muito mais comportamento decente. “-Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...”. Por falar em tanta coisa a dizer, nós aqui do Tyrannus adoramos os comentários que nos chegam... Mesmo que seja algo mais ou menos do tipo: “-Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!”
adorei esse texto !
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