Oiiiii, estamos em Brasília! Viemos, a convite, conferir a 44ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, considerado hoje o mais importante evento do audiovisual tupiniquim. Então, hora de compartilhar o que estamos presenciando aqui no planalto central. Recepção calorosa. No caminho do aeroporto ao hotel (e que hotel!), flagramos um termômetro marcando os 37º e sinais da explícita “secura” na paisagem.
E dizem que Mato Grosso é terra de índio. Terra de índio é o Brasil inteiro, gente boa. Mal descemos do avião e "olha lá, Lorenzo...". Uma celebridade, o nosso Cacique Raoni, condecorado recentemente em Paris, caminhando pelo aeroporto do DF. Dizem que ele não gosta de ser fotografado, mas conseguimos captar alguns flagrantes à distância. Chegando ao JK Plaza, enquanto aguardávamos para fazer o check in, adentra-se ao hotel uma comitiva xinguana, aqueles mesmos que o Clovito Irigaray pintava nos anos 70. Um cacique acompanhado de três índias, duas crianças e mais um índio, se submetendo a maior tietagem. Vieram para a exibição do filme "As Hiper Mulheres", produção carioca/pernambucana, que foi beber da fonte lá do Xingu.
Aproximo e peço pra tirar fotos. Sou super bem recebido pelo cacique, o único que fala português. Ficamos felizes pelo contato com nossos ancestrais e a alegria aumenta quando descobrimos que o filme, dirigido por Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro, foi um dos mais aplaudidos.
Enquanto Lorenzo optou por assistir Fluminense X Santos, fui à tarde ao Centro Cultural Banco do Brasil ver Media Training, de Eloar Guazzelli e Rodrigo Silveira; e Cafeka, de Natália Cristine, animações mucho locas! E depois, o que na verdade motivou-me, foi o filme “Elogio da Graça”, de Joel Pizzini, que colocou Maria Suksdorff, merecidamente, como protagonista/narradora da sua história com o cineasta e fotógrafo Arne Suksdorff. O filme mostra o cotidiano de Maria em Cuiabá, entrecortado por cenas capturadas por Arne sobre o trabalho e a família no Pantanal. O filme foi muito aplaudido pela plateia. Maria está aqui, toda prosa, e com razão.
Novas amizades: Cristina Medeiros |
Maria e seu codiano pantaneiro |
Uma coisa bacana de festivais é a reação da plateia. Aplausos e vaias se sucedem ou se misturam numa mesma massa sonora. O primeiro filme de Oswaldo Montenegro, que já foi exibido, "Léo e Bia", até agora, parece ter sido o mais polêmico. Ou talvez o que mais desagradou, pelo que andamos assuntando por aqui. O Festival está em seus últimos dias. Começou na segunda-feira passada com exibições em dois locais de Brasília, e também em mais quatro cidades satélites. A tal da maratona fílmica. O bicho pega mesmo, sem contar oficinas, seminários e debates. Neste domingo está em nossos planos participar de uma palestra: "Estética audiovisual para celular: possibilidade de negócios no presente e no futuro".
Pereio "sem frescura" |
Trocando ideia com Cid Nader |
Já de noite fomos ao Cine Brasília, um espaço para umas 600 pessoas, mas as poltronas foram poucas. O que tinha de gente sentada no chão e nos degraus (incluindo nosotros) é coisa de louco. O festival aqui é agitação pura. Plateia crítica, jovens e antigos cineastas se encontrando e disputando prêmios, num evento dedicado exclusivamente ao cinema brasileiro.
Lógico que quando Rodrigo Santoro subiu ao palco com a equipe do longa "Meu País", no qual ele participa, o que rolou mesmo foi tietagem. Eu, Tyrannus Lorenzo, não devo criticar o filme e só posso dizer que aguentei apenas uns 20 minutos. Não morro de amores por animações, mas me surpreendi com “Sambatown”, de Cadu Macedo. Um desenho estilizado, diferente cheio de resignificados e sutilezas. Gostei. Mas o que valeu a pena mesmo foi "Sobre o Menino do Rio", de Felippe Joffily, um curta delicado e muito bem resolvido, de notável singeleza, em preto e branco. Cinema também é feito de simplicidade e nada como um bom texto. A melhor coisa da noite.
Um tal de "Sambatown" |
Boa Noite Brasília |
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