quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Falando de cinema


O Vencedor: Intenso drama familiar
Um blog combina com ares domésticos. Então, cinema em casa. Mais alguns filmes que curtimos estão hoje por aqui. É muito comum as pessoas se referirem as suas predileções cinematográficas, dizendo “não gosto de filme de guerra, não gosto de filme que tem violência, não gosto de musical”. Eu mesmo já disse algumas vezes que não gostava de filme de luta de boxe. Até parece... me encantei todas as vezes em que assisti  “O Touro Indomável”, derramei lágrimas em “O Campeão”, só para citar dois títulos famosos que tratam desse corpo a corpo ferrenho.




A violência, mesmo que na ficção, é coisa que mexe com qualquer um. Quando a violência é manipulada de forma barata e apelativa, fugir é o melhor caminho. Mas, têm vezes em que ela é tratada num outro contexto. E nessa esperança, optamos por não dispensar “O Vencedor” (2010), de David O. Russel, quando surgiu em HD aqui na nossa TV .  Ainda bem.
Com Mark Wahlberg e Christian Bale nos papéis centrais e baseado numa história real, “O Vencedor”, teve várias indicações ao Oscar, é uma obra primorosa. Lógico que tem porradas, nocautes, sangue e tudo mais; só que o que mais forte de tudo é a carga dramática que o filme imprime, graças ao trabalho de direção e a estupenda atuação do elenco. Mesmo Wahlberg, que nunca me convenceu muito, mostra-se apropriado interpretando o irmão de um lutador famoso (Bale), que deverá também trilhar pelos ringues, mas desviando-se dos atalhos equivocados que o irmão mais velho seguiu.


Christian Bale, que já foi mencionado em pelo menos um post anteriori, por conta da precocidade de seu talento (aquele gurizinho de “O Império do Sol”), está perfeito. Só não rouba a cena porque praticamente todo o elenco brilha. O resultado é que o espectador passa a se sentir como se fizesse parte da história. E sofre, se emociona, ri, chora e torce para que tudo dê certo.  

Quem leva muita porrada na vida, segundo “O Vencedor”, estaria mais apto pra apanhar também no ringue. E nada mais falaremos sobre o filme. Sobre este filme. Agora, uma guinada radical. De um filme que retrata a trajetória sofrida de um lutador, para uma ópera, “Tosca”, filmada com muita coerência, pelo diretor francês Benoît Jacquot, em 2001. 
 



A ópera do grande Giacomo Puccini transpõe-se do palco para a tela fielmente, valorizando a arte do autor de outras pérolas como Turandot, La Bohème e Madame Butterfly.  Um espetáculo de ópera é de uma magnitude estarrecedora. Achamos que nenhum ser humano deveria partir deste para o outro mundo, sem presenciar a grandeza dessa arte. Daí, que filmar uma encenação de tal nobreza estética é algo, no mínimo, arriscado. Mas o diretor francês deu conta do recado.  
Angela Gheorghiu e Roberto Alagna

Misturou imagens e épocas, entremeando a precariedade, o preto e branco e o requinte fotográfico; valendo-se de um maravilhoso desempenho de cantores líricos como Angela Gheorghiu, Roberto Alagna e Ruggero Raimondi (entre outros), este último, no papel do impiedoso Scarpia, um dos mais terríveis vilões da história da ópera. Uma história trágica que faz lembrar Shakespeare. Sobre “Tosca”, vale dizer ainda, que ela traz três das mais belas árias do canto lírico: recondita armonia, vissi d’arte e le lucevan stelle.

Em tempo: Outro filme que recomendamos  e que assistimos recentemente, inspirado no meio operístico, é “Encontro com Vênus” (1991) . Retrata a montagem de Tannhäuser, de Richard Wagner, sob a direção do húngaro István Szabó. Romance, traição, questões burocráticas, rixas entre artistas, sempre com a força da música wagneriana, são narradas de forma despretensiosa. Glen Close interpreta uma soprano que, fatalmente (mas nem tudo está perdido), irá trazer problemas ao regente. Um filme fácil, gostoso e divertido de se assistir, experimentando a beleza da música.    

 

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