Vamos mudar de assunto. Mudar... taí uma palavra na qual vale a pena investir. Verbo que remete a algum tipo de ação, mas cuidado. "As plantas não falam, mas só enquanto são mudinhas". Sabedoria do comediante Ronald Golias. Pra quem preferir algo mais erudito, peguemos o túnel do tempo e vamos de Heráclito lá pras bandas da Grécia Antiga. Ele sentenciou que a única coisa permanente é a mudança.
Mudemos, pois. Mas não é só sair falando que mudou. Eu, por exemplo, confesso que mudei a partir do momento em que assumi que gosto de Roberto Carlos. Quer dizer: gosto de algumas músicas dele, desde que cantadas por outras pessoas. Não me lembro quando foi que isso aconteceu, mas aconteceu. De repente, meu Deus do céu, será que vai chegar um dia em que vou gostar do próprio Roberto cantando que as baleias estão desaparecendo por falta de escrúpulos comerciais?
A mudança no sentido de quebrar paradigmas é importante. Ela vem cheia de ideologias e, muitas vezes, chuta pra longe preconceitos e outros vícios comportamentais. É coisa do bem, acreditamos. Já a mudança física, da transformação do corpo de criança para adolescente e depois para adulto, de um lugar para outro, de uma casa pra outra, normalmente é um transtorno. O risco é de se quebrar... um espelho e ser amaldiçoado com a falta de sorte é uma provável consequência drástica nesse tipo de mudança. Ou não. Essa guinada que é sair de um espaço e ir para o outro é uma situação tão complexa que, sob determinada abordagem, pode ser conceituada pelo ditado popular: “fulano está mais perdido do que cachorro em dia de mudança”.
Já no campo espiritual, ou da fé, como queiram, uma mudança radical pode significar um certo (des)equilíbrio. Entrar numas de cabeça, sair bradando e defendendo com unhas e dentes um novo credo à revelia do que foi vivido e consentido, sei lá. É estranho. Bom, talvez seja preciso considerar a minha intolerância ao supor isto. Se assim for, que Deus me perdoe.
E as mudanças, desde que substanciadas e resultantes de alterações em padrões morais e comportamentais, são necessárias, mas dão trabalho para antropólogos, psicólogos, psicanalistas... E até pra polícia. Enquanto este texto vai nascendo aqui, um constante interlocutor do Tyrannus – a televisão, transmite uma entrevista com Laerte, o cartunista que se veste de mulher e se assume como bissexual. Inevitável não mencionar as mudanças comportamentais que a humanidade já experimentou em relação ao sexo. Pode tudo, não pode nada, vai e vem. E nos lembramos do comentário de um amigo a respeito da história do gay que, de uma hora pra outra, passa a se dizer heterossexual: “Vidro que já guardou pimenta nunca perde o ardor”. Tem coisas que não mudam!
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