Era comum crianças, mulheres, jovens, homens e velhos girando os botões dos rádios (a pilha ou elétrico) procurando sua estação preferida. Alguns com calma, paciência... outros, num rompante de ira, espatifavam os rádios nas paredes ou jogavam o ingrato no terreiro, pra dormir no sereno, junto com as galinhas. Ainda hoje, nesses sertões ermos de meu Deus, alguém na boca da noite, tá bicando uma cachacinha, ou de madrugadinha, coando seu café, busca sintonizar uma 'rádia', como se dizia antigamente.
Sintonia, sintonizado, sintonizando tava na boca de todos era palavra corriqueira... Algumas rádios a usavam, dando ênfase em cada sílaba pra chamar a atenção dos ouvintes: Rádio Matão, em total sintonia com você!
Mas a modernidade não para, tá sempre arranjando coisas novas, às vezes completamente inútil e desnecessária. É a tal da inovação (pras coisas ficarem mais caras)... E apareceram nos botões de sintonizar uns acessórios, naquilo que já nos era tão familiar! Um detalhe besta, que diferenciava de marca pra marca, que era pra buscar a tal da sintonia fina. Aí fudeu... nunca mais!
"Por isso colo o meu ouvido, no radinho de pilha" |
Percebo que naqueles tempos o significado de sintonia restringia-se ao ato rastrear uma emissora e a dar qualidade do som. É, verdade seja dita, hoje sintonia é quase uma palavra em desuso, mas seu sentido e significância parece-me muito maior, tá mais próximo de reciprocidade, mesma frequência, mesma vibe, em correspondência de... ou harmonia com o meio. E é bem melhor!
"Pra te sintonizar" |
Sintonizado com a informação o jornalista Anderson Pinho, ganhou o Prêmio Destaque Senai em Jornalismo 2012, com a radioreportagem “Torneiro Mecânico”. O rádio é uma onda de energia boa, que ainda tá rolando.
"Sozinho numa ilha" Valeu Anderson! |
Amigos, que leitura sensível do rádio, que descrição fiel de uma rotina estabelecida em muitos lares desses rincões de meu Deus tendo o rádio como companhia.
ResponderExcluirA riqueza de detalhes do texto me fez aguçar o olfato ao ponto de sentir cheiro de café passado no coador de pano pela minha finada avó Florentina Nunes de Pinho.
Me fez lembrar dos cuidados dela ao preparar o "feijão machucado" do almoço com bastante alho, cebola e cebolinha, como mandava a tradição familiar: que saudade, que delícia!
No rádio, às 10 da manhã, começava na Rádio Cultura de Cuiabá o programa "Roberto Carlos Especial" era a senha para inciar os preparativos do almoço.
A música de abertura dizia: "O sol ainda não chegou e o relógio há pouco despertou.
Da porta do quarto ainda na penumbra, eu olho outra vez...".
Que nostalgia dessa rotina criada pelo rádio. Tempos que não voltam mais. Obrigado pela parte que me toca meus queridos Lorenzo e Fátima. Tocou lá no fundo, assim bem "bastantão!"
Um punhado de lembranças:
ExcluirO jingle do programa "Roberto Carlos especiallll", as imperdíveis receitas de Dona Aurora Chaves, Rádio Coltura, a dona da noite", "Rádio A Voz D'Oeste, transmitindo para todo o Brasil e Oceano Atlântico".
"Meu radio a pilha enguiçou
mandei para o consertador
e ele logo me falou
não vai mais ter som
não vai mais ter som"
Bjos
amei!
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