“...Hugo” ainda está em cartaz e vale a pena dar uma saracoteada pra conferir. Preste atenção pois só tem uma sessão, das 22 hs, onde rola a fita legendada. Baseado num livro infantil de Brian Selznick, não se iluda: é para todas as idades. Tivemos alguns problemas com aquela porcaria de “ocrinho” 3D. Uma, paranoiada com a possibilidade de uma crise de labirintite, já que a projeção 3D mexe com o cérebro; e o outro, com a sensação que estava “envesgado” e com uma dorzinha atrás da orelha, bem lá naquele lugar onde se aloja a pulga, quando convém. Mas, sobrevivemos e em alguns momentos quase interagimos com o filme.
Voltemos à dramática vida de um garoto órfão (Asa Butterfied, o mesmo de “O pijama listrado”) que, às escondidas, no interior de imenso relógio numa estação de trem em Paris, comanda seu perfeito mecanismo. Filho de pai inventor (Jude Law), quis o destino que ele se envolvesse com o amargo dono de uma loja de brinquedos que, na verdade, é George Méliès (1861-1938), interpretado por Ben Kingsley. Méliès foi um mágico francês, pioneiro do na arte cinematográfica, com mais de 500 filmes e, dizem, “pai dos efeitos especiais”. Hugo vive numa parafernália de engrenagens, ferramentas e saudades. Para sobreviver se esquiva do terrível inspetor da estação (Sacha Baron Cohen), um caçador implacável de miseráveis órfãos.
Foram cinco Oscars para “...Hugo” e ficou um gostinho de quero mais, apesar de não termos visto seu principal concorrente “O artista”. A técnica depurada do cinema de Scorsese, que pela primeira vez filmou em 3D, está impecável. É grande aliada da narrativa dramática que flerta com a aventura e a ternura. Hugo Cabret é também, e muito, a história do cinema com seus truques e sua magia. Que beleza, como diria Milton Leite, locutor esportivo.
“Cópia fiel” impressiona e deixa marcas. Um homem (William Shimell) e uma mulher (Juliette Binoche) se digladiam na arena conjugal. Se conhecem e se aproximam durante o lançamento de um livro dele, que é escritor. Nessa fase de aproximação as disparidades são combinadas com tolerância e galanteios. Vão parar numa pequena cidade italiana. E tudo muda.
Ao caminhar pelas vielas estreitas, tornam marido e mulher, após serem confundidos como um casal. E aí aparecem as espertezas e mesquinharias da vida a dois, com as picuinhas e ranhetices velhas conhecidas do amor. O filme está umbilicalmente ligado ao neo-realismo italiano, aquelas coisas do Roberto Rosselini. Não reparar nisso não tem tanta importância, porque é tudo muito sedutor, seja pela brilhante performance dos atores, seja pela espontaneidade dos diálogos.
O filme registra a primeira incursão do incensado Kiarostami fora do Irã. O diretor, que já conquistou o mundo (mundo dos cinéfilos) com seu talento, conduz sua câmera serena e explora com sabedoria a arte de fazer cinema com requinte. Claro que o título do filme é uma intensa metáfora em torno do valor do que é cópia e do que é original. Essa discussão é explorada no contexto da arte. Nestes tempos modernos, esse assunto parece se tornar cada vez mais complexo. A certeza maior que fica, é que o cinema de Abbas Kiarostami é muito original.
Realmente Tyrannus, este filme de Martin Scorsese foi encantador, instigante, muito bem dirigido e interpretado, além de trazer uma mensagem linda. 'Cópia fiel' ainda não assisti, estou curiosa! Abraços,
ResponderExcluirCacau.
Pois bem... mate a sua curiosidade porque não haverá arrependimentos!
Excluirbjs tyrannus