11/10 mais uma estrela brilhou! |
11/10 é um dia histórico para Mato Grosso. Foi nesta data, em 1977, que aconteceu a divisão do território mato-grossense, que originou a criação do Estado de Mato Grosso do Sul. Nem vamos nos atrever a palpitar se isso foi bom ou ruim. O que já deu muito o que falar e continua dando, e gerando piadas, comentários de tudo quanto é tipo e mais uma dúzia de reações, atitudes e palavras; é a rivalidade entre Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS).
Há pontos em comum e outros divergentes entre os dois estados. Em comum o Pantanal, a maior planície inundável do mundo, um lugar muito peculiar e de incrível potencial científico e turístico. Os mais importantes cursos d’água que mantém e abastecem o Pantanal estão em MT, enquanto que MS foi contemplado com a maior parte de áreas inundadas. E neste caso não pode haver divergências. Este bioma brasileiro, reconhecido mundialmente como paraíso da vida selvagem depende de ações de conservação dos dois Estados.
Há poucos anos rolou uma conversa de que Mato Grosso do Sul mudaria de nome. Passaria a se chamar Estado do Pantanal, ou algo assim. Claro que o povo rio-acima, os cuiabanos, não gostaram nada dessa ideia.
É nessa linda região pantaneira a divisa entre os dois Estados ou onde eles se unem |
Na verdade há lugares em MS onde os costumes, o jeito de falar, de levar a vida tem uma identidade muito semelhante ao povo destas bandas que margeiam o Rio Cuiabá, e o exemplo disso é Corumbá. Eita, Corumbá bonita, quente, hospitaleira e feliz. Até um tempo atrás, quando em Cuiabá, por imposição dos novos costumes, deixou de fechar o comércio no horário do almoço e de se fazer sesta, Corumbá ainda mantinha o hábito. Hoje, essa pestana pós-almoço é reconhecida como salutar à saúde humana e capaz de potencializar o desempenho no trabalho e estudo.
Já Cuiabá e Campo Grande são muito diferentes, em todos os sentidos. E por isso as chispas, rixas e fagulhas desde outrora. Se riscar um fósforo e botar veneno na conversa, pode pintar labareda. Briga mesmo. E o entrevero entre os de lá e os de cá foi reacendido pra valer a pouco mais de dois anos, quando as duas cidades disputaram pra ser subsede da Copa de 2014. Cuiabá ganhou e surgiu a provocação: tchupa essa manga, campograndense.
Pra começar uma boa discussão dizia-se que o número de farmácias que Campo Grande tem é compatível com a montoeira de bares que por aqui existem. Por falar em bares, certa vez um campograndense, curtindo com o sotaque carregado do cuiabano, referiu-se a bares que existiam em Cuiabá nos anos 70 e 80. "Lá em Cuiabá é tudo tchopão, tchalé, tchuá...", provocou o cabra de lá. E o papa peixe de cá, puto da vida, logo retrucou: "Ocê esqueceu de dois... tchocu e tchamãe".
Humberto Spíndola, o campograndensse mais cuiabano |
São vários os fatos que fazem, vez por outra, lembrarmos-nos das brigas do passado: A TV Globo, com seu peculiar conhecimento de geografia, gosta de confundir MS com MT, seja no telejornal como em novelas. Certa vez MS homenageou a bela Luiza Brunet com o título de embaixadora do Pantanal de MS, claro. E a imprensa, confusa, a chamou de Embaixadora do Pantanal de Mato Grosso. Não sei não, mas a história não foi pra frente. Um fato curioso e recente que confere vigor a essa rixa é oriundo do filme "Olho Nu", do sul-mato-grossense Joel Pizzini, lançado recentemente. O filme é um ensaio visual sobre a vida de Ney Matogrosso. O artista, um dos principais intérpretes da música brasileira em todos os tempos, é natural de Bela Vista (MS), mas nasceu nos tempos em que Mato Grosso era um só estado, daí o seu nome artístico.
Soubemos, por um passarinho que assoviou, que houve e há um descontentamento com essa história do nome de Ney remeter a outro estado, que não o seu de origem. Ora, ficaria estranho se ele adotasse o nome de Ney Matogrosso do Sul, não é mesmo? E pra passar a régua nessa história, vale rememorar o caso do poeta Manoel de Barros, que nasceu em Cuiabá, MT, mas, com seis meses de idade, se mudou pro outro estado, MS, que viria a ser criado em 1977. Vai dizer que Manoel é daqui, ou de lá...? Vamos simplificar: o poeta, como não deveria deixar de ser, é mundéu.
Quati mundéu |
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