RG, CPF, CEP, telefones, conta
bancária, datas de aniversários, número da sua casa... senhas e mais senhas,
que a gente vive esquecendo... Ah, e as
contas a pagar. Só posso constatar que Pitágoras estava certo: “todas as coisas
são números, ou podem ser representadas por números”.
A dolorosa tarefa de equilibrar o que se gasta com o que se ganha. A frieza dos números está presente em nossas vidas. Fazer a numerologia dessa numeraiada toda é tora. Sem números, nada feito. Não teríamos como organizar-nos. Sequer existiríamos, burocraticamente falando. Sim, eles são importantes. Há quem os julgue exageradamente presentes.
Gênese do algaríimo: cada um tem o número de ângulo que contém |
“A matemática é a loucura do raciocínio” (Clarice Lispector em Água Viva). A história dos números na humanidade fascina. É possível rastreá-la a três mil anos antes de Cristo. O número é ancestral. E não seria improvável afirmar que ele já existia antes do surgimento do homem.
Olmecas ancestrais dos Maias emplacaram o zero |
Fascinante mesmo essa conversação em torno dos números. Eles, às vezes, se misturam com as letras. Lembrar-se de coisas como a fórmula de baskara aterroriza algumas pessoas. A relação entre constantes e variáveis já foi pesadelo pra muitos. Só o que não se pode é não reconhecer a transcendência numeral. Mesmo pra quem admite se dar melhor com as letras.
Por usarmos os numerais arábicos fomos em busca das incríveis fábulas matemáticas de Malba Tahan, e que descoberta. Seu nome verdadeiro: Julio Cesar de Melo e Souza. O cara era brasileiro, carioca da gema. Foi escritor e matemático e com o pseudônimo de Ali Yezid Izz-Eddin Ibn Salim Hank Malba Tahan, deu vida a um escritor nascido próximo a Meca e que viajou e conheceu o mundo. Em homenagem a Malba Tahan, o Rio de Janeiro adotou a data de seu nascimento como o dia da matemática (6 de maio).
Malba Tahan: O homem que calculava |
Dito tudo isso sobre os números, vamos às letras. As combinações de um alfabeto podem produzir resultados incríveis. Tão infinitos, quanto as possibilidades numéricas. Uma letra é só ela. Algumas letras são uma palavra e várias letras formam uma frase. E assim por diante. Vão muito além de um texto, dentro de um contexto. Tem horas que uma palavrinha cabe muito mais que um número.
Ficamos sabendo outro dia que o nome de rua mais comum em todo o Brasil é “Rua Dois”. E que Cuiabá é a cidade que mais tem ruas dois. O Tyrannus, inclusive, tem seu endereço físico numa rua 2. E não é que uma emissora de televisão veio aqui em nosso pedaço pra fazer matéria sobre isso e eu fui vitimado? Atendi ao repórter e dei a entrevista dizendo o que sentia por morar numa rua dois, nome bem popular. Foi o momento de lembrar-me que há vários anos os moradores aqui do Recanto dos Pássaros, um bairro periférico de Cuiabá (na beiradinha do cerrado), se articulam para propor a alteração dos nomes das nossas ruas. É mais bonito e justo nominar as vias deste bairro lembrando os passarinhos, os habitantes alados do cerrado, que ainda nos visitam diariamente vocalizando seus cantos entre árvores, telhados, fiações, muros etc. Siriri, sabiá, assanhaço, bem- te-vi, beija flor, ana-cocar, joão de barro e muitos outros...
O homem que não calculava |
Nossa proposta já foi até encaminhada para a Câmara dos Vereadores. Lá, não foi pra frente. Quem sabe, como estamos num ano eleitoral, se encaminharmos aos nobres edis os números de nossos títulos de eleitor, a coisa há de vingar.
Tyrannus Melancholicus = siriri (Foto: Tati Colombo) |
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