Zé Bolo Flor, poeta popular, carregava um santo pra se proteger dos prefeitos de Cuiabá! |
Em Cuiabá já foi comum identificar famílias e/ou pessoas como correligionárias desse ou daquele partido. As disputas e embates, nos bastidores, eram brabas. A oratória era uma arma fatal e o carisma favorecia ou não as plêiades. Mas... muito chumbo grosso rolava. Não tinha essa de bala perdida não. Aqui as balas tinham endereço certo. E... olha a faca!!!
Nas ruas, a baixaria movida a paixão, bebida, pavio curto e muita verborragia fazia o ambiente pegar fogo. Bate boca era comum em bares e lares na época de eleição. Tinha até hora marcada pra começar, nunca pra terminar! As pessoas, independente da classe social, acreditavam nos políticos e defendiam seus candidatos com unhas, dentes e línguas. Línguas ferinas, diga-se de passagem, que eram usadas para colocar o, ou a moral do candidato oponente, abaixo de cu de cachorro.
Nós, que chegamos a Cuiabá no começo dos anos 70, acompanhamos esse tipo de fazer política e ainda tinha o que era bom de se ter na política da época : palanque, preleção, povo, paixão, promessas, putaria... Pouco depois vimos a decadência do processo eleitoral com a chegada dos marqueteiros, dos showmícios, as mídias envolvidas, brindes, compra de votos, gente fazendo campanha por 50 pilas por dia e político endinheirado e sem DNA.
Os correligionários pagos são engraçados. Na hora do rush balançam as bandeiras de seus candidatos. Quando enfraquece o movimento usam as bandeiras pra se “escorar” e batem longos papos com os correligionários do outro candidato. Na verdade mal sabem o nome do candidato pra quem estão trabalhando. Fazem jus aos candidatos que, muitas vezes, nem sabem o nome por extenso de seu partido.
Aos poucos o povo foi broxando e perdendo a credulidade nos candidatos e depois, nos que votaram, naquele que ganhou e no próprio voto. Esvaziaram-se as urnas, praças, ágoras... E agora?!
“Ideologia”. Assim mesmo, entre aspas. As eleições de antigamente tinham uma pegada “ideológica”, às vezes torta, mas tinha. As aspas são necessárias, porque não é correto afirmar que a população brasileira, em geral, está ou esteve habilitada para discutir ideologia política. Nem nós, claro.
Padre Pombo, claro que à esquerda, era pra ganhar! |
"O homem é um animal político" (Aristóteles) |
O que nos motivou a fazer este “post” foi essa inércia, pasmaceira, nhaca que virou o processo eleitoral. Que marasmo, “sengraceira”, um enorme vazio. Nunca vimos nada igual (tanto o povo como os candidatos)! Por isso estamos vendo que o candidato que corre o risco de ter o nosso voto e de uma parcela da população é o Ninguém. Sua Campanha está lançada: Em 2012, Vote em Ninguém!
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