Os feriadões, religiosos ou não, têm uma estreita relação com comilança. Na verdade não só os feriados. Basta um final de semana para planejarmos o que iremos devorar. Isso desde sempre. Quem não se lembra dos almoços domingueiros com macarronada, maionese, frango frito e manjar de coco? Com algumas variações regionais, é claro! Aqui em Cuiabá, por exemplo, aprendemos apreciar macarrão com farofa. Mas, depois da fase das peixadas (que pegam melhor nas sextas feiras), o churrasco, talvez com a chegada dos sulistas, também se popularizou em Cuiabá e região. Já a feijoada, essa não tá com a bola toda, e só costuma ser explorada em ocasiões especiais, como festas de promoters.
Voltando ao assunto os feriadões, sua associação com comidas é usada e abusada na mídia: Natal = peru, frutas vermelhas, chester... Ano novo = porquinho, bacalhau, champanhota... Semana Santa = peixe, bacalhau, ovo de páscoa...
Cena 1: Filha o que você vai almoçar? Ah! um omelete de jiló? Ouvi bem? – É, eu gosto de jiló. Cena 2: Victoria Beckham (ex-garota apimentada) vai ao mais famoso restaurante italiano de NY e não pede o prato especial da casa, o risoto. “Por favor, alface sem molho!!!!!!” (Ficamos na dúvida, algumas folhas ou o pé inteiro?). Victoria aguçou nossa lembrança e chegamos a “Hannah e suas irmãs”, filme de 1986, de Woddy Allen, que traz Diane Wiest na pele de uma personagem que só pede alface, alface, alface, alface...
É canja, é canja de galinha |
Comida sem graça e gente sem graça tem tudo a ver! Conhecemos um político tão sem graça e tão sem atitude que o apelidamos de “comida de hospital”. Sua postura lembrava aquelas canjas de galinhas destemperadas e esbranquiçadas que eram servidas nos hospitais. Bem que hoje em dia a comida de hospital (dependendo do hospital) parece até um restaurante de comida caseira. Porque, verdade seja dita: comida caseira é um santo remédio. Em parte, porque as gostosuras caseiras, associadas aos excessos de gorduras, frituras, sal e açúcar em quantidade; já empacotaram muita gente pro outro mundo.
Peixada |
Paçoca de carne seca, com bananinha... desentala |
Famosa maria izabel, comida por todos |
Arroz com pequi, num vai mordê |
Escaldado, viagra cuiabano |
Cozidão (des)combina com o calorão da terra |
Tem mais, muito mais. Feijoada cuiabana (feita de feijão “normal” e pertences de gado como ubre, dobradinha, mocotó, tripa...); revirado, feito de farinha com miúdos de gado; joão sujo, ensopado de suã de porco com banana verde; cozidão, que leva costela de gado, banana, mandioca, cenoura, milho verde, abóbora, batata inglesa e doce, couve, acompanhado pelo pirão, feito com o caldo produzido; peixada, peixe frito, assado, ensopado, escabeche); maria izabel, com tutu de feijão, farofa de banana, arroz com pequi e, pra encerrar, a discreta cabeça de boi assada (sem comentários). A tradição culinária cuiabana não inclui as saladas. Esse negócio de comer verduras é recente. Os antigos diziam: “não sou marandová pra comer folhas”!
Pode me chamar de Victoria Beckham! |
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