“Sobre a rua, sob a água” (2009), filme dinamarquês, vai por esse caminho comum ao cinema para conquistar seu público sem grandes surpresas. Em nosso cineminha doméstico, no conforto do sofá da sala, fez o maior sucesso. Há de convencer aqueles que se sentirem contagiados com nossos comentários e observações de apaixonados por cinema, a assistir esse filme.
Charlotte Sieling |
As belas imagens da capital dinamarquesa e a caracterização apropriada dos seis personagens (que já encontraram/nasceram sem ranços autorais) protagonistas da história fecham uma teia de relações humanizadas ao melhor estilo “cada qual com seus problemas”. Tudo bem, há coincidências na forma como acontece a aproximação entre eles, mas, em momento algum, sobressai-se a impressão de que foi algo forçado e antinatural.
Um contexto dramático cresce e aparece respeitando a individualidade dessas pessoas que engendram o roteiro. A história, gira em torno de uma atriz em dia de première de uma peça teatral: Hamlet. E nesse nervoso dia, que desabou sobre sua cabeça, ela terá que resolver suas questões particulares que vão desde a quase inevitável (ou não) separação, até a tarefa de buscar o filho pequeno numa escola que ela nem sabe onde fica.
À parte isso, os outros personagens se chafurdam nos problemas existenciais inerentes a uma sociedade moderna e secular, instalada entre rios, ruas enviesadas e uma arquitetura tão antiga quanto contemporânea. Música e fotografia ótimas. O final dá pistas de que nada está em condições de ser resolvido de forma definitiva. A vida continua... sobre a rua, sob a água, e a delicada e solitária sereia a olhar pro mar.
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