terça-feira, 3 de abril de 2012

Deus está nos detalhes

Um detalhe da "lua" da obra de Van Gogh...
Ficamos embasbacados ante a grandiosidade dos feitos humanos como as Pirâmides do Egito, o Taj Mahal, castelo construído em louvor ao amor, ou abobalhados diante do incompreensível sorriso da Mona Lisa, na languidez do corpo de Cristo, que jaz no colo de sua mãe, na Pietà. Mas também ficamos extasiados diante da quase matemática forma que uma pequenina aranha utiliza para tecer sua teia,  nos fractais das nervuras de uma folha que similarmente reproduzem-se nas milhares folhas em uma só árvore.

...Noite estrelada (1889)

Deus está nos detalhes. Os blocos de rochas que se sobrepõe para montar as Pirâmides se encaixam milimetricamente, o homem ainda não conseguiu decifrar a ferramenta utilizada. No Taj Mahal são milhares de flores esculpidas com as minúcias de cada estame em flor; no sorriso de Mona Lisa, há por baixo de sua alva tez, todos os músculos ativados e necessários para formatar seus lábios em riso; na languidez do corpo de Cristo abandonado no colo de Nossa Senhora, na Pietà forjada em mármore, com todas as dobras e pregas das vestes que expressam o sofrimento.

tetetetereteteteteterete... taj mahaaaalllaaalll
  

Quantas vezes já nos deparamos com essa frase, “Deus está nos detalhes”, e a associamos a motivos religiosos. Não é bem assim, neste caso que aqui abordamos. É algo que remete a uma grandeza superior e que se apresenta como perfeito na riqueza e esmero de cada detalhe a compor o todo. Algo que transcende o humano, ou que assim parece ser. Aí, então, pensamos ou invocamos a Deus, quase como acontece na hora de um apuro pelo qual passamos e, espontaneamente, soltamos um meu “Deus do céu”. 
A frase em questão é de Ludwig Mies van der Rohe (1886/1969), arquiteto moderno alemão, que foi professor da Bauhaus. Ao lado de Le Corbusier é apontado como um dos maiores arquitetos do mundo e também se notabilizou pelas frases que criava. Assim como “Deus está nos detalhes”, Mies van der Rohe também cunhou “menos é mais”. Sua arquitetura é centrada no racionalismo e se utiliza de uma geometria clara aliada à sofisticação.  Buscava sempre a profunda depuração da forma, mas atento às necessidades impostas pelo local. Com esse preceito minimalista, entrou para a história.

Ludwig Mies van der Rohe, reticente e ponderado   

Ed. Seagram NY

Coco Chanel "Menos é mais", lhe
coube perfeitamente
 Os detalhes são divinos, as picuinhas são das trevas!

"Detalhes são coisas muito grandes pra esquecer" (RC)

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