Goethe como todo
jovem teve lá seus problemas existenciais. Recebeu uma educação rigorosa que
incluiu conhecimentos de vários idiomas, música e artes visuais, além de ter ao
seu dispor uma biblioteca com dois mil títulos. Seu pai, poderoso no meio
jurídico, rechaçou seus poemas e arrumou uma boca para o filho, que escrevia
muito bem, como preboste no judiciário em alguma província em terras
germânicas. E lá, quis o destino que Goethe se apaixonasse pela mulher que seu
chefe também haveria de pretender.
Amores impossíveis
e/ou difíceis estão espalhados pela ficção mundial. Recomendamos, e com gosto o
filme, e não vamos nos estender sobre ele. É preciso, porém, registrar que quaisquer
semelhanças entre este filme e Werther, célebre obra de Goethe, não devem ser
encaradas como mera coincidência.
Miriam Stein e Alexander Fehling em "O jovem Goethe" |
“Morbus
melancholicus”, a expressão surgiu durante o filme para, supostamente,
diagnosticar um suicídio. Melancholicus... melancholicus... conhecemos essa
palavra de algum lugar. Sei lá. E fomos fuçar em torno dessa expressão latina.
Tudo que tem origem latina é muito antigo e, portanto, já passou por muita
filosofia e foi virado e revirado por estudiosos.
Melancolia (A. Dürer) |
Melán cholé = bílis
negra. Que vem do baço, órgão que fica bem pertinho do fígado, daí que o humor
tem lá suas causas figadais. Quinhentos anos antes de Cristo, Hipócrates exprimiu-se
fisiologicamente e garantiu que esse líquido era formador da personalidade
humana. Que tristeza esse papo de ser genial. Depois veio Aristóteles, que foi
além.
A existência
costuma moldar os gênios com muito sofrimento. Pessoas que desenvolveram a
genialidade e adquiriram muito conhecimento e sapiência deixaram suas pistas,
que também são conhecidas como legados. Um sortilégio para a humanidade, mas,
vai saber a dor dessa gente que tem a sina de gênio.
Ficamos/estamos
tristes? Deve ser por conta de um derrame de bílis negra. Somos melancholicus.
E se você, como nós, também tem lá essa amargura que não tem fim (enquanto
felicidade sim), não fique triste. Você pode ser um gênio!
Melancholy (E. Munch) |
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