sexta-feira, 8 de junho de 2012

Destarte

O que é o que é...  Tem a ver com a estética, com a emoção, com o prazer e vai que vai por aí afora. Arte é a imitação da vida. Este é um conceito pra lá de antigo. Quer uma definição mais moderna? Tudo bem: arte é a ciência do belo. E agora vamos dar uma radicalizada: “doravante, tudo que eu disser que é arte, será arte”. Audacioso, Marcel Duchamp soltou essa no início do século XX. Depois dele, muita água passou por debaixo da ponte. Parece que Duchamp deu apenas um pontapé inicial nessa conversação que, cá pra nós, bem que poderia seguir rumo ao infinito.

“Exit through the Gift Shop” (2010) é um documentário bacana que tasca pimenta nesse bate boca, que tem a direção atribuída ao artista de gráfico britânico, Banksy. Dizemos atribuído ao cara porque, segundo consta, ninguém sabe quem é o tal sujeito. Suas intervenções (arte) surgiram em Londres e debandaram para Los Angeles, sempre em espaços urbanos, provocando a ira dos responsáveis pela administração das cidades. Mas, dizer que Banksy é um grafiteiro, sinceramente, é muito reducionista.

É curioso como o tal documentário, mesmo sem uma confirmação absoluta sobre sua autoria, foi indicado ao Oscar de melhor documentário em 2010. O filme foi candidato forte e o circo foi armado, já que a organização do evento proibiu o artista de entrar disfarçado. E Banksy, que nunca mostrou seu rosto em público, não foi. Será? Não ganhou a estatueta. Ninguém garante que não teria ganhado o Oscar, caso se tornasse identificável. Certamente, preferiu não se vender ao glamour, ao dinheiro e a fama, retornos quase garantidos aos “oscarizados”.

Não levou o Oscar e foi parar nos Simpsons 

Anonimato é importante, afinal, para um artista que realiza essas intervenções urbanas que chamam a atenção de todos que andam pelas ruas, independente do nível social ou intelectual. Mistério faz parte desse show. E essas incertezas relativas a respeito da autoria do documentário e da veracidade dos fatos que ele apresenta espicaçam a curiosidade de toda gente.


Intervenção entre Israel da Palestina

Um imigrante francês viciado em captar imagens de artistas de rua, Thierry Guetta, radicado em Los Angeles, é o personagem central do filme. Banksy também aparece em trechos de entrevistas, mas em contraluz, com voz distorcida e vestindo um casaco com capuz. Dizem que não é ele. Vai saber. Mas, Thierry é um sujeito simplório que vai levando, vai levando, e torna-se o principal interlocutor da narrativa. De tanto filmar os artistas de rua, se entrosa com eles e alguns participam do documentário. De um videomaker independente, eis que ascende para a posição de artista notável, realizando uma exposição disputadíssima em Los Angeles.

Guetta, comemorando o prêmio no Spirit Awards
Claro que a essa altura dos acontecimentos, não é mais Thierry... Ele torna-se Mister Brainwash, um artista (ou picareta que virou artista), cuja (re)produção alcança preços exorbitantes. Brainwash, ou Thierry, como queiram, não está nem aí para o fato de que a sua criação não prima pela originalidade. Faz e acontece. À sombra de Banksy, de Wharol, de Basquiat? Meu Deus do céu... será que estamos com inveja do cara?

Isso é Banksy!!!!!!

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