Elenco de "Nada" |
Eu diria que não tem começo, nem fim. Mas isso não interessa. Não
compromete. As coisas lineares é que são um pé no saco de vez em quando. E que
estranho... nada, um nome que tem muito conteúdo. Nunca me senti tão a vontade.
Saí querendo assistir novamente.
E depois de me imiscuir na ambiência humana que gera a poesia fértil
de Manoel de Barros, o Nequinho, poeta pantaneiro; muito me instiga o resultado
da Conferência Rio+20 que acaba de terminar e que ficou muito aquém
do esperado. Ficou devendo, paciência. Reforço que acredito muito mais em poesias
e nos artistas, do que em governantes e governanças.
Na direção além dos manos Guimarães, mais uma mulher, também assinava.
Ao entrar no teatro me deparo com uma japonesa que estava numa pose de mestre
de cerimônia e lhe pergunto: “É você que também dirige?”. “Não sou nada”. “Sou
nada”, também caberia. As poucas cadeiras destinadas à plateia circundam o
espaço cênico. Sete atores, ao todo, se misturam com o público. Uma mesa
central e uns poucos milhares de peças de vidro de tamanho variado compõem o
cenário. Surpreendo-me, a encenação já tá rolando.
(Foto: José Medeiros)
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(Foto: José Medeiros)
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Fernando e Adriano Guimarães (Foto: Dinah Feitoza/CEDOC) |
É uma festa. Aniversário de 80 anos do patriarca da família. Todos os personagens, com a mais absurda naturalidade, estão perfeitamente encaixados em seus papéis. Não há declamações, mas os versos filosóficos do poeta vão surgindo como cacos ao longo texto, que resgata a experiência humana no lento e arrastado ambiente pantaneiro. Flagro-me rindo por dentro, por ser conhecedor das coisas comuns ao pantanal, e achar que estou em vantagem em relação às demais pessoas que assistem à encenação.
A grandiosidade de Manoel de Barros se dá na conjunção dos detalhes de
seus versos e a força imagética que eles contêm. Minha memória é avivada e o imaginário
provocado a cada minuto. Há momentos em que esqueço que estou numa peça... estou
numa festa de aniversário. Quitutes e bebidas são servidos e uma velha vitrola
enseja a trilha sonora que traz, entre outros, a arrebatada Helena Meirelles. Entretido
com a encenação, nem percebo os 90 minutos passarem.
(Foto: José Medeiros)
http://josemedeirosimagem.wordpress.com |
Certifico-me que a peça terminou mesmo, feliz da vida. Adoro teatro. Tenho certeza de que meu trauma com a arte de representar está superado. Pelo menos até pintar a próxima peça! Terminamos o post nos deliciando com os últimos minutos do filme “Milagre de Santa Luzia”. Mais Pantanal...
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