"Não... não curto muito histórias de quadrinhos". Essa foi sempre a minha costumeira reação. Talvez porque tenha optado pelos livros deixei de lado ou menosprezei um movimento fortíssimo que acontecia no mundo inteiro. Até poucos dias era ainda a minha argumentação quando uma galera, normalmente mais jovem, tocava no assunto. Bom, essa era a reação, porque mudei. Um puta upgrade acometeu-me. E tudo por causa de um sujeito que vai fazer sessenta e nove (calma, calma, não pensem naquilo) anos no próximo dia 30.
Robert Crumb é o cara. Figurou em 2007 numa dessas listas bobas que indicam as celebridades mais celebridades: ele ficou em vigésimo lugar entre os gênios vivos. Chegamos ao Crumb pelo cinema de Terry Zwigoff, quando vimos "Mundo Cão", filme aqui comentado e elogiado. O cineasta que despreza a banalização que o business costuma emplacar ao fazer artístico. O estilo de Terry é que nem o de Crumb, nesse sentido.
Ele veio de uma família problemática, o pai severo e ditador; a mãe superprotetora e tomadora de bolas com seus cinco filhos: Robert, seus dois irmãos e duas irmãs, passaram por maus bocados. O irmão mais velho, Charles, que se suicidou logo após o término do documentário, vivia à base de remédios tarja preta. Na infância, comandava a irmandade num fictícia e real indústria caseira de quadrinhos. Todos atolados na tal da sociofobia. Mas, não ao ponto de pelo menos um deles, Robert, optar pelo enfrentamento para com a sociedade.
Com o irmão Charles |
Mãozinha boba? |
Tudo muito espontâneo e real ao extremo. Uma verborragia só. Texto voraz e grandiloquente. Um filme que será muito mais absorvido por aqueles que dispensarem a legenda, portanto, em condições de usufruírem da alta qualidade fílmica oferecida. Arte de primeira, com muita informação. A figura esquálida e estranha de Robert Crumb, com o seu talento extravazante, assume-se como um personagem conquistador. Uma dessas pessoas que tem muito a compartilhar, cuja arte, precisa ser experimentada e conhecida. Imperdível.
Terry e Crumb |
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