Cacilda Becker (no seu último ato) e Walmor Chagas |
Pedro Pedreiro está esperando, esperando, esperando. A gente vive esperando e dizem que quem espera sempre alcança. Não sei bem o que nossos leitores e leitoras esperam deste novo texto, esperamos que gostem e também estamos esperando uma lentilha cozinhar porque vai ter sopa, aqui em casa. Mas antes de tomar a sopa, é melhor esperar esfriar, pra não queimar o beiço e a língua. Quer dizer, queimar os lábios, é mais bonito pra se dizer.
Em frente ao coqueiro verde, esperei uma eternidade |
A espera é difícil, mas eu espero sambando |
Esperança. Palavra belíssima e que tem no significado uma amplitude impressionante. Ter esperança é digno de quem espera. De quem espera e não desespera. Drummond, que foi citado ontem, volta hoje, porque em um verso disse que tinha certeza/esperança. Creio que quis dizer que quando a gente tem esperança pra valer, é quase como uma certeza. Então, vou escrevendo aqui e de vez em quando dou uma paradinha que é pra esperar que o raciocínio volte e se transforme em palavras que caibam aqui. Não esperneio enquanto espero, não adianta. Experimento esperar com a sabedoria que combina com a paciência. Esperarei como um rei que tem cara de quem gosta de coroa.
Esperar é uma condição feminina, faz parte de sua natureza. Esperamos dezoito meses, divididos em dois blocos de nove, para que Beatriz e Vítor chegassem. Duas produções que fizemos em parceria, mas quem esperou mesmo pra valer, foi ela.
Por falar em homem e mulher, ou homem e homem e mulher e mulher, coisa chata é quando a gente espera, espera, espera e espera e o outro que esperávamos ansiosos e esperançosos de envolver e desenvolver uma “coisa” amorosa, sexual os dois, não necessariamente nessa ordem, não vem. Outro dia li uma frase que achei bacana: Uma relação precisa de beleza e paciência. Se rolar beleza, se não paciência!
Espero o jogo da Copa América que vai passar daqui a pouquinho. Não esperava que o Brasil perdesse para o Paraguai. Nem que a Argentina perdesse para o Uruguai. Não esperava que as japonesas ganhassem das americanas, não esperava mesmo!!!! Vibro e torço com o Brasil e com o Fluminense, tricolor de coração que sou. Espero que meu time não me faça sofrer tanto neste ano. Espero que o coringão compre o Tevez.
O símbolo da espera é Penélope que ficou vinte anos esperando o marido voltar, tecendo durante o dia uma manta, e de noite desfazendo-a, enquanto os pretendentes se acumulavam no palácio de Ulisses, em Ítaca. Eis que ele retorna, velho, cansado, esfarrapado. Penélope não o reconhece e exige uma prova. Diferentemente, sem nada exigir, seu velho cão e, também velha, a escrava Euricléia , o recebem e o acolhem com alegria. Dá-lhe Homero. Uma boa odisséia (tirar o acento aqui, não convém) também é feita de muita espera.
Penso também nas mulheres portuguesas que perderam seus homens, para o mar, mas não a esperança de esperá-los. Ouço suas lamúrias, quando cantam o seu destino: fado.
Fado de Amália Rodrigues |
E penso na doçura do pastel de belém!
Então, a sopa está quase ficando pronta. Hora de queimar o beiço. Os lábios. Fica a lição de que a espera precisa de dignidade para se fazer nobre. Esperamos que o mundo melhore e que, enquanto esperamos, façamos a nossa parte para que isso realmente aconteça. Esperar é ser proativo. Saber esperar é uma questão de estilo. Esperamos que amanhã o Tyrannus, um passarinho do cerrado (os passarinhos são novidadeiros e serelepes, em sua maioria), traga novas e boas palavras.
Quanto mais a gente espera, menos a gente espera!
ResponderExcluirOs clientes do noGargalo mandam sua cota filosófica http://nogargalo.blogspot.com/2011/07/para-o-tyrannus-melancholicus.html
eu sei que: quanto mais tarde a gente sai, mais cedo a gente chega.
ResponderExcluirde quem não se espera nada é que não vem nada mesmo
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