Silêncio: há um anjo |
Falando sério. Não somos, não fazemos parte, não queremos ser e porque não há porquê ser. Seguinte, muita coisa que acontece/ou aconteceu/ou está para acontecer e não tem visibilidade porque está na periferia, não territorial, mas no experimentalismo e na vanguarda e das ideias. Outras não são notícias porque são “biscoitos finos” demais e foi decidido que isso não serve para o “povão”. As agências de notícias e seu jornalismo ditatorial decidem o que é notícia. Tudo que é informação é filtrado e pasteurizado por elas. A receita do seleciona, copia e cola está esgotada, extenuada e enfastiou.
Tem tanta coisa bacana no mundo, na nossa mente efervescente (feito um sonrisal), que optamos por singrar essa imensidão... indo para o nonada. A falta de assunto é um tema recorrente. Isso é um fato. Não somos santos! Recorremos sim a fatos, mas por um motivo quando achamos que vale a pena.
Final de noite |
Essa história de ficar sem assunto tem a ver com constrangimento, às vezes. Conforme a pessoa, dá até pra corar. Corar... Parece verbo apropriado para a literatura contemporânea que se encontra naquele estado de estar deixando de ser contemporânea e ficando pra trás. Tenho visto pouca gente corando e nem reparo mais se os personagens dos livros que leio adquirem aquela vermelhidão facial entregadora.
A não ser a careca do professor Manuel de “Trapo” (livro do Cristóvão Tezza), quase nada tem enrubescido nessa minha vida onde ficção e realidade se irmanam. Opa, opa... O Robertinho Boaventura, nosso colega de coral, corou nesta sexta-feira. Foi flagrado pelo regente numa comunicação paralela no meio do ensaio.
Nos anos 80, passeando pelo Baixo Leblon com um primo, resolvemos azarar umas minas que tavam por ali. Naqueles tempos eu ainda não conseguia dissimular minha timidez muito bem. Estava assim ‘mareado’ e, o pior de tudo: sem assunto. Então, meu primo, proprietário de uma imensurável expansão comunicativa, estava obtendo progressos notáveis com uma das minas. E eu patinando com a outra, sem assunto. A certa altura da conversa ela disse pra mim, pra amiga e pro primo, olhando-me: “já é a terceira vez que você pergunta meu nome”. Tóooiiimmmmm! Tomei no olho.
Antigamente trabalhei na assembleia legislativa de MT e achava graça reparando nos trejeitos dos deputados pra se inteirar nos diferentes ambientes e nunca “desassuntar” com ninguém. Porque o voto é obrigatório, então né...
A comédia da vida legislativa |
4'33... |
de pura música, by Jonh Cage |
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