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Às vezes uma crítica publicada (aí já é pública) não converge para o gosto do leitor, espectador de cinema/teatro/TV, gourmet. E aí? Bom, quem escreve uma crítica, acreditamos que tenha predileção e conhecimento sobre o assunto. A opinião, não deveria ser encarada como ofensa. Até porque ninguém é o dono da verdade.
Pablo Villaça "infiltrado" |
Roger Ebert |
O filme “Crime Delicado” (2005) dirigido por Beto Brant, baseado no livro homônimo de Sergio Sant’Anna, conta a história de um crítico teatral que se apaixona por uma atriz de teatro, que é apaixonada e musa de um pintor. A moça nada convencional, não possui uma das pernas, desperta paixão pelo cínico e frio jornalista. O ator Marco Ricca, na pele desse personagem, encarna um crítico que vive às voltas com seus fantasmas e pesadelos, massacrado pela complexa função.
Ter um chilique por conta de uma crítica negativa é comum no meio artístico. Assisti a um show do Caetano no Rio, em Madureira, há muitos anos. Ele tinha sido alvo de comentários nada elogiosos de um jornalista do JB. De repente, no meio do show, Cae para de tocar e diz pra plateia: “acho o Jornal do Brasil uma bosta”.
Aqui em Cuiabá o pensamento e a prática do texto crítico passam ao largo. Até mesmo as resenhas, que ousaremos definir aqui como críticas simplificadas e que se resumem mais numa opinião pessoal, são algo raro de se ver na imprensa. Essa é uma enorme lacuna no contexto da cadeia cultural mato-grossense.
* Tinhorão |
O crítico animado Anton Ego |
Para muitos o discurso do crítico gastronômico, Anton Ego, personagem da animação Ratatouille, condena e absolve o crítico: “De várias maneiras, o trabalho de um crítico é fácil. Nós arriscamos muito pouco e, a despeito disso, desfrutamos de uma vantagem sobre aqueles que submetem seu trabalho, e a si próprios, ao nosso julgamento. Nós nos refestelamos escrevendo crítica negativa, que é divertida de escrever e de ler. Mas a verdade amarga que nós, críticos, temos que encarar é o fato de que, no grande esquema das coisas, até o lixo medíocre tem mais significado do que a nossa crítica assim o designando. Mas há momentos em que um crítico verdadeiramente arrisca algo, e isso ocorre na descoberta e na defesa do novo. O mundo é muitas vezes cruel para novos talentos, novas criações, novos amigos, necessidades. Nem todo mundo pode se tornar um grande artista, mas um grande artista pode vir de qualquer lugar”.
ótimo texto.
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