segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Vereda Tropical


Adir Sodré é vidrado em melancia
Melancia é coisa do demo. Ô fruta danada pra se envolver numas histórias escabrosas. Qual gordinho(a) nunca foi melancia. Agora é sinônimo de mulher gostosa (ou melhor, bunduda).

Uiuiui... aiaiai... Melancia é o mel. Quer aparecer? Pendura uma no pescoço e sai por aí. Fruta grande. Generosa e farta. Existe uma conversa ridícula, meio machista, que compara a melancia com mulher bonita: não é coisa que se come sozinho. Na novela Roque Santeiro, Sinhozinho Malta referia-se ao vigário como padre melancia: verde por fora e vermelho por dentro.
 

Melancia (Citrullus lanatus) é o nome da planta da família das Curcubitáceas e do seu fruto. Sua origem é africana. Veio para o Brasil com os negros escravizados.

Na medicina popular tem vários usos para diversas aplicações .Em 2008, ficou famosa, a Universidade do Texas desenvolveu estudos comprovando que a melancia tem componentes similares aos do Viagra, e que seu consumo pode dar aquele plus que estiver faltando. Olha, só que a substância que faz a tal da "endurecencia" tá na parte branca, que quase ninguém come. A universidade passou a estudar agora um jeito dessa substância migrar para parte vermelha, mais apreciada.


Olhar melan...cia
E vamos de melancia. Porque? Outra metade aqui do Tyrannus já reivindicou escrever sobre o pepino, banana, cenoura etc... Pera uva maçã. Isso aqui vai virar uma freira... Feira, gente. Foi mal. Então, mas o problema da melancia aqui é ressurgente. Sempre quis escrever sobre essa frutona voluptuosa e cadeiruda.

 
Data de minha remota infância um primeiro registro significativo na minha memória em torno dessa baita fruta. Eu e minhas experiências rurais num sítio na região de Livramento. Já molecote, com uns seis anos, costumava acompanhar meu avô, Bento Pires de Miranda, quando ele ia na roça. Para chegar na plantação atravessávamos um pequeno córrego e antes de percorrer a roça, a primeira providência era escolher uma bela melancia e colocá-la num poço do corguinho. Na volta, a gente abria a fruta que já estava fresquinha e se deliciava. Lambaris e piquiras também se deleitavam.
 
Mas o problema da melancia aqui vai além de lembranças da infância. E agrega coisas como a Mulher Melancia. A boazuda mais boazuda destes tempos. Lembrando a loira do tchan, que costumava dizer que seu "talento estava crescendo", é de se esperar que o "talento" da Mulher Melancia não cresça mais. Dizem que quando abunda, não falta, mas abundância também deve ter limites. 


O filme brasileiro, "Contos Eróticos" (1977), dividido em 4 episódios, adaptou uma coletânea de quatro histórias vencedoras do Concurso de Contos Eróticos da extinta Revista Status. O melhor de todos, "Vereda Tropical", dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, colocou o cineasta nas melhores e piores antologias do cinema brasileiro. A história é a de um professor universitário que mantem relações sexuais só com frutas. A sua preferida, claro, é a rechonchuda melancia. Claudio Cavalcânti interpretava o sujeito e estava ótimo. Descolava a sua melancia, alojava-a na garupa de sua bicicleta e tocava pra casa numa euforia daquelas.




 
"Já tentei com melão e abóbora, mas não dá ponto. Tem que ser melancia". Disse ele numa certa altura do filme. Bom, melancia tem cor de carne e é bastante úmida. Liquefaz-se de forma impressionante. Vai dizer que a fruta não tem lá a sua sensualidade.

Invenção de japonês

Mas foi no último final de semana que a melancia nos pegou de jeito, ou melhor sem jeito. O filme chinês (ou taiuanes) de Tsai Ming Liang, "O Sabor da Melancia", foi algo inesperado. Curioso demais pra não mexer conosco. Ainda não o assistimos inteiro, mas já é possível confessar que nunca vimos nada parecido e nunca tínhamos ouvido falar desse diretor. Coisas rápidas que lemos sugerem sua fixação pelo exotismo sexual. Bom, somando o título do filme com a preferência temática do cineasta, já dá pra se ter uma ideia do que rola.

Qué isso?

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