terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Trapo de Cristóvão Tezza

Aos amigos que apreciam o conteúdo deste blog dedicamos este post. Uma valiosa dica literária. Têm uns dois meses que participamos de uma descontraída conversa sobre literatura com o escritor Cristóvão Tezza, considerado uma das revelações da moderna literatura brasileira. Na saída, ficou claro que deveríamos comprar um de seus livros. "Trapo", título sugestivo, foi  escolhido. Enquanto lia me diverti muito. Acho que vocês também vão gostar muito.

"Tenho medo/não sei porque/de acordar cedo". Só esse poema, do personagem que nomina a obra, já me bastaria como argumento convincente para ler Trapo. Identificação completa com a mensagem prodigiosa contida nesses três versinhos. Tezza era um dos escritores que estava na minha lista para ser lido. Preciso e gosto muito de ler autores contemporâneos bons. São escritores que falam deste momento que vivemos e isso é precioso. 
Comecei a devorar o livro há um mês ou mais ou menos isso. Nos últimos dez dias, fiquei enrolando nas últimas quarenta páginas. Sofro disso. Uma espécie de comiseração que me bate quando estou para terminar um livro que me satisfaz. O que é bom a gente não quer mesmo que acabe. Nunca fico desesperado para terminar a leitura de uma ficção que estou curtindo. Faz parte do meu estilo de leitor saborear as palavras.


 Cristóvão Tezza, após ler um único livro seu, configura-se como um grande autor, segundo minha humilde opinião. O domínio pleno da narrativa, a força na composição dos personagens, a espantosa verossimilhança e o humor desbaratado que aplica nas situações criadas, são qualidades que não acometem qualquer um. Ele escreve fácil, pra gente ler fácil. Aos mais desavisados, seu texto pode até parecer a chata da escrita jornalística, aquela que é a mais praticada no mundo e, consequentemente a mais lida. Também gosto de dizer que é uma das mais pobres escritas que existem. Claro, porque se fosse rica, não seria jornalismo, e sim literatura.
Mas a simplicidade de Tezza parece vir da sua consciência de que é preciso escrever fácil. Os tempos da erudição, da complexidade, dos truques léxicos e semânticos, do conteúdo psicológico exagerado dos personagens etc, parece que são utensílios literários que não cabem neste mundo fragmentado. Ler Trapo foi como assistir um filme. Um filme bom. Sabe quando você termina um livro e diz consigo mesmo, "puxa, era isso que eu estava precisando ler". Foi isso.

Com dedicatória...
Não se trata de endeusar o escritor. É só um testemunho de quem gosta de ler e não sabe viver sem literatura. A minha avaliação de Tezza, eu mesmo, acho-a um pouco precipitada, já que é preciso ler pelo menos uns três ou quatro livros de qualquer autor para se ter uma ideia mais correta da obra que ele produz.     

Troppo e Trapo

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