Sonho americano (E. Hopper) |
Intensificou-se desde a semana passada a queda de braços entre os republicanos e o presidente Obama para contornar a crise no cenário econômico americano. Quem imaginaria um dia ver os poderosos USA, depois da crise de 29, passar por esse perrengue.
Nosso conhecimento sobre economia é pífio, mas nos lembramos que quando o ex-presidente Bush ia ao Congresso e ao Senado pedir aumento no orçamento para combater o terrorismo ou para aumentar o contingente de soldados na sua guerra particular/fictícia, não tinha muito lerolero não. Saía com as burras cheias da verdinha.
Ficamos cá imaginando o legado que esse p... deixou! Algumas situações que são colocadas nos deixam com a pulga atrás da orelha... aumento de impostos para os mais ricos, saúde pública... isso é motivo para embates. Quando o presidente Obama foi pedir bereré para socorrer os bancos e as empresas automobilísticas, o Congresso e o Senado resolveram a questão sem muitas delongas. Disseram que o Obama deveria ter aproveitado a oportunidade para acordar com as empresas automobilísticas o desenvolvimento de protótipos e combustíveis menos poluidores. Deveria, mas comeu mosca!
Ai, a solidão vai acabar comigo |
We can... but |
Tudo isso, pra dizer que as crises são boas, não na hora, e que devemos aprender com elas. Afinal crise, para os gregos, é separar, decidir, julgar, gerando assim possibilidades de escolhas. Em “Tango, um giro estraño”, um tangueiro menciona a crise na Argentina e diz que procurou a definição no dicionário dessa palavra, crise. “Oportunidade de mudança”, encontrou.
O planeta se desenvolve através e pela crise. Uma situação clímax mudou o ambiente propiciando a ocupação e desenvolvimento de seres adaptados a esse lugar. Esses novos inquilinos promoveram alterações extremas, em todos os níveis, que levaram a novas mudanças, inclusive, com extinções em massa. Um novo ambiente é formado com novas espécies e também é modificado, exaurido. Um novo clímax se instala, uma nova onda de extinção avança, para uma nova ordem ser instalada.
Tyranossauro Recse (extinto) |
O ser humano também se desenvolve através e por crises. A existencial nos acompanha desde o nascimento até a morte. Pense bem em “penso, logo existo”. Engraçado que entre um extremo e outro, na crise da meia idade, é onde avaliamos o que se sonhou ou planejou como projeto de vida, e o que foi realizado ou que provavelmente nunca será. A sensação é que o melhor aconteceu no passado, e que é “agora ou nada”. É a hora do “Lobo(a) da Estepe”.
Sem crise de identidade: Lobo Guará |
O lobo pensador Herman Hesse |
O teatrólogo Aderbal Freire Filho comentou que teve muitas crises, principalmente em relação a idade. Disse que quando chegou aos 30 anos teve uma crise e quando chegou aos 40 anos ele viu que com 30 ele era tão jovem, que não precisava ter passado por esse tormento. Aí ele entrou na crise dos 40 e viu, aos 50... assim foi, de crise em crise. Hoje, com 70, não quer mais saber. Ele crê que ao chegar nos 80, vai reconhecer que aos 70, era jovem...
O lobo feliz |
Como todo ser humano, passamos e atravessamos diversas e diferentes crises. Na hora H parecia ser o fim do mundo, mas não sabemos dizer como saímos. De algumas saímos ilesos e de outras com cicatrizes, que hoje acalentamos, alheios. Como disse Leminski, “Distraídos venceremos”.
"Nuvens brancas passam em brancas nuvens" |
Eu
Eu
Quando olho nos olhos
Sei quando uma pessoa
Está por dentro
Ou por fora
Quem está por fora
Não segura
Um olhar que demora
De dentro de meu centro
Este poema me olha.
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