Frederico de Morais. Um domingo com o crítico de arte e artista, nascido em 1936, em BH. Em 1966 se mandou para o Rio de Janeiro quando floresciam os anos de chumbo. Em seu primeiro texto em 1956, ainda estudante secundarista, mostrou a que veio: "Em defesa da arte moderna".
Na década de 70 agitou o Museu de Arte Moderna do Rio, o MAM, com seus domingos de criação. E esse babado é que toca o documentário de Guilherme Coelho, "Um domingo com Frederico Morais", de 2011. São 61 minutos de conversa com o crítico, que vê essa função mais como uma forma de criação do que qualquer outra coisa. Morais defende o papel do crítico como o de absorver a experiência proposta pela obra de arte, acrescentando a ela a sua própria experiência. Nada daquela imagem carrancuda e sisuda que normalmente é atribuída ao crítico.
Mário Pedrosa, crítico elogiado por Frederico |
Já houve um tempo em que Frederico era demasiado engajado com a arte conceitual e contemporânea, desprezando relativamente, outras vertentes artísticas. Essa colocação foi registrada após uma rápida pesquisa na internet. Mas, pelo que vemos no documentário, se é que ele foi mesmo tão engajado assim, esse tempo já passou. Nosso conhecimento em torno dos escritos e posturas de Frederico de Morais datam de algumas décadas, e partiu conversas com amigos mais entendedores das artes visuais.
Regina Casé curtindo o domingo do MAM |
Bons tempos aqueles, quando o conhecimento nos chegava através de pessoas que eram nossas referências. Hoje em dia tá aí o Google, com todo seu catatau de informações, mas nem sempre confiáveis. Olha, mas não convém desprezar o Google. O ideal é juntar carne e osso com aquela coisa toda da alta tecnologia. Aí sim, ninguém me segura e eu não vou dar um troço.
Frederico contesta a teoria do afastamento, aquela que rege a distância obrigatória que o crítico deve manter do artista. Para ele, o crítico é um observador privilegiado da arte e isso, necessariamente, não o impede de se aproximar do criador. Assume que suas críticas têm tons confessionais, e que procura fugir do hermetismo, algo muito comum nas críticas. É acender a fogueira, jogar lenha nela e saber atuar com lucidez e paixão.
O documentário traz depoimentos de muitos artistas, além dos anônimos que também participavam dos domingos de criação que pipocavam no MAM nos anos 70. Gente como Carlos Vergara, Regina Casé, Cildo Meireles e Amir Haddad, entre outros, resgatam a emoção e a efervescência que foram aqueles dias. Domingos temáticos onde as pessoas, de todas as idades e classes sociais, brincavam de criar e criavam com grandes quantidades de papel, de tecido, de linhas, material de construção e por aí vai que vai, emplacando a cultura de massa no melhor estilo happening.
Arte conceitual de André Komatsu |
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