Tá no DNA |
Deitar a letra no papel e fazer correr a tinta. Hábito que vai caindo em desuso. Abrir um arquivo de texto novo no seu monitor e castigar o teclado. Essa é a prática nos dias atuais. E usar e abusar da honestidade. Para consigo mesmo e para com os outros. O Brasil comemora neste 25 de julho o Dia do Escritor. Nós também. E vamos de palavras, mas, com um pouco mais de cuidado, ou carinho, por causa da data.
Essa conversa de definir o que é e o que não é literatura é briga pra cachorro grande. Nosso mundo é cão, mas somos de pequeno porte. Esse negócio de bater no peito e dizer: "sou escritor", é só quando não dá pra fugir mesmo. Livros publicados, elogios e até alguns prêmios literários nada garantem. "La garantia soy yo". Confessar-se um escritor é algo que pode soar meio afetado.
Em todo caso, vale o registro de que o Dia do Escritor, que é comemorado nesta quarta-feira, está acontecendo pela quinquagésima segunda vez. A data nasceu em 1960. Foi instituicionalizado com a realização do I Festival do Escritor Brasileiro, promovido pela UBE - União Brasileira dos Escritores que, naqueles tempos, tinha como vice-presidente, Jorge Amado. Não citar o presidente pode ser um pecado mortal. Tudo bem, presidia a UBE, João Peregrino Júnior. Deus nos livre de ser execrados por essa entidade.
O Zé Carioca, aquele mesmo do Walt Disney, nos tempos em que eu lia gibi, abriu uma de suas histórias batendo no peito e o "balão" anunciava: "Tenho dezessete livros, todos inéditos". Escrever, por mais simples ou mínimo que seja o que você tem a dizer, é sempre aquele procedimento. Você tem a ideia e fica achando que transpô-la ao papel é fácil. Chega na hora, cadê que as palavras surgem? As malditas palavras, o problema delas, é que elas são insubordinadas. E se a maior parte das pessoas enfrenta esse dramalhão pra escrever um único parágrafo, imaginem os coitados dos escritores.
Escritor de 17 livros inéditos |
E podes crer, muitos escritores escrevem por causa das suas inquietações. Sentem na carne e na alma os efeitos de alguma carga volátil, mas com o peso de uma bigorna, que os obriga a botar algo pra fora. E se vingam, ou tentam se vingar, ou sei lá o quê; agrupando letras, palavras, frases, sentenças, parágrafos, páginas, capítulos... e os malditos livros. Esse objeto de papel que persegue a humanidade desde que a liguagem extrapolou a oralidade.
Não sei e nem pesquisei pra saber de onde foi que saiu aquela conversa que associa escrever um livro, com ter um filho e plantar uma árvore. Deve ser na mesma seção enciclopédica do tratado da vida que sugere que todos temos um pouco de médico, de louco e de poeta.
Temos nos esforçado muito para escrever coisas que sejam interessantes, e que mereçam a atenção e talvez até a leitura dos visitadores deste blog. Potencialmente, como todas as pessoas, somos escritores. Escrever é difícil. Fácil, é sentir prazer depois de aprontar um texto. Compartilhá-lo, isso sim, é uma das melhores coisas do mundo!
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