quinta-feira, 5 de julho de 2012

Duas peças




Ano: 1946, no primeiro dia do mês de julho. Uma experiência bélica para diagnosticar os efeitos de uma explosão nuclear sobre uma frota naval. O local escolhido foi o arquipélago das Ilhas Marshal, mais precisamente no Atol de Bikini. Seus 167 habitantes foram ludibriados a mudar pelos americanos do afrodisíaco local para um outro atol, menor, com recursos de água e alimentos escassos. 

Quatro dias depois, nesse mesmo ano e mês, a notícia é outra, bem diferente. O francês Louis Reard, numa piscina em Paris, exibe a sua mais recente criação, o biquíni. Peça ousada, para a época, do vestuário feminino. Usado para deixar cair... nas águas. Banho de mar, de sol, na piscina, rio, lagoa... E até na caixa d'água, sobre a laje.


A bomba que explodiu no Pacífico inspirou o estilista a denominar esse conjunto formado por dois minúsculos pedacinhos de tecido que cobrem exatamente os quadris e seios (ou partes) das mulheres. O efeito da adoração do biquíni pelas mulheres abalou muito mais as bases da sociedade do que o forçado êxodo dos nativos de Bikini. 




Bikinianos (à esquerda) deixando o atol em 1946

O criador

A criatura: Micheline Bernardini explode
 com seu biquini



"Era um biquíni de bolinha amarelinho que mal cabia na palma da mão..." Noutros tempos, uma indecência. Uma indecência que também teve o prazo de validade vencido. O fio dental, chamado perniciosamente de "cordão cheiroso", desbancou todo o suposto antipudismo do biquíni. 


Ava Gardner

Marilyn Monroe



Homens preferem mulheres com duas peças em trajes de banho, embora um maiô, quando cai bem no corpo feminino, arrasa em termos de sensualidade. O problema, talvez, é que fica faltando o umbiguinho. Não que o umbigo seja a parte do corpo mais importante da mulher. É que ele é um detalhe original e único. E fica por ali, numa região próxima do aparelho recreativo feminino, como diriam os mais machistas ou indecorosos.


E foi assim que começou a decadência de uma antiga máxima, que cabia à pessoas que estavam totalmente boiando em torno de um assunto: você está mais por fora do que umbigo de vedete. Porque mostrar o umbigo a partir de então não era mais privilégio exclusivos das deusas... liberou geral!


Helô Pinheiro foi projetada na música brasileira como a
"Garota de Ipanema" 



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