Estamos
às vésperas de agosto e parece que o mês do cachorro louco já chegou por aqui.
Acontece que estamos há mais de dois meses aloitando e tratando da saúde de
nossos bichos. Primeiro Zé Preto, acometido de uma infecção, que quase o levou a
morte; agora o Troppo, que por causa de um atropelamento quebrou o fêmur e foi
operado hoje. E chegando em casa... não é que um cachorro do vizinho avançou na nossa cria e tascou-lhe uma mordida? Correria para a Policlínica.
Tudo sob controle. Isto é: vamos monitorar o cachorro do vizinho.
É, viver tem dessas coisas... e vamos tenteando e resolvendo um problema de cada
vez. Hoje conhecemos um caso de superação. Batemos de frente com um personagem
real, de carne, osso e penas. A peregrinação pelo hospital
veterinário da UFMT, onde está internado nosso bichano, nos aproximou de Siri. Siri
é macho e habita aquele hospital há uns cinco anos, desde que foi encontrado
após um atropelamento. Por causa deste infortúnio Siri perdeu uma das pernas.
Foi lhe dada uma prótese de madeira e PVC.
Toc toc... Siri é o pirata da perna de pau, com todo respeito.
E
foi ficando, ficando... Hoje ele caminha livremente e às vezes entra numas de
invadir áreas restritas. Imagine o pampeiro. Uma ave que vive livre, leve e
solta; pererecando num escritório organizado. Siri gosta de chuva. Quando é
ligado o irrigador que molha o jardim do hospital, dá sempre um jeitinho de
aproveitar a água. E quando chove pra valer, cadê que procura abrigo. Quem
fica meio bronqueado com ela é a galera da limpeza do hospital. Claro que Siri
optou por “cagar” sempre nas áreas de alvenaria, e nunca no jardim, na terra, o
que seria mais prático pra todo mundo. Mas, no geral, ela desperta a simpatia
de todos.
Quando
adolescente aqui em Cuiabá, morei numa casa onde o vizinho tinha uma ave dessas.
Um dia a danada extrapolou os muros da sua residência e foi parar na cozinha da
minha casa. Foi panela pra tudo quanto é lado. Zoeira total, e a gente tentando
agarrar a bicha que patinava no ladrilho hidráulico com seu corpo ágil e
esbelto, valendo-se também de pequenos voos que dava pra não ser apanhada.
A seriema
é uma ave típica do Cerrado, tem um canto inconfundível e soa longe. Trilha
sonora embelezada, simbólica de nossa região. É uma ave inspiradora: “Seriema
de Mato Grosso, teu canto triste me faz lembrar, daqueles tempos que eu viajava,
me dá saudade do teu cantar”. É a antiga
canção de Nhô Pai e Mario Zan que já foi gravada por muitos. “Peleja de Seriema com Cobra”, do violeiro
Roberto Corrêa, que faz parte do repertório oficial da Orquestra de MT, com as
violas de cocho imitando o canto da ave é outra bela música.
Roberto Corrêa: http://www.youtube.com/watch?v=Y7mofgqfbeg |
E
ela aparece em muitas outras canções. Gente como Inezita Barroso, Tião Carreiro
e Pardinho, Tonico e Tinoco e Helena Meirelles, entre outros, fizeram ou
interpretam músicas onde a ave é citada. Coisa interessante sobre esse bicho bonito
que tem uma crista sempre empinada. Por causa da aparência ela é chamada de secretária
do pantanal: seu bico meio avermelhado lembra alguém de batom, suas pernas
finas e longas... e a vocalização forte, que a faz assumir postura de arauto;
são predicados válidos e a coloca em condições de secretariar o ambiente
pantaneiro.
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