Por Netuno! |
Estamos a poucos dias das campanhas eleitorais. E barbaridade vai ser dureza aguentar a carência de propostas consistentes para gerenciar nossa cidade. E quando a questão é "salvar o rio Cuiabá" ai a coisa fica feia. Como é que pode querer salvar o nosso rio, de sua longa agonia, sem pensar em saneamento básico ou em recuperar a malha dos córregos que drenam (ou drenavam) Cuiabá? Como salvar o rio Cuiabá se as nascentes desses córregos estão sendo soterradas para construção de condomínios, bairros, prédios... É muito descaso.
Há falta de política para as águas fluviais que abastecem nossas vidas. E a exploração econômica desse elemento da natureza tem sido feita de forma bastante questionável. Não se trata de uma tempestade em copo d'água. Haja água para tanto e tudo... E o que dizer das águas dos oceanos e mares? Ali sim, ninguem quer se mexer. Águas de quem... de ninguém? É só chegar e retirar o que quiser e também depositar ali o que não lhe interessa. O mar tá aí pra isso mesmo. Não tá pra peixe.
Distantes dos oceanos estamos nós aqui nesta região central do continente. Um primo cuiabano, quando conheceu o mar, ainda criança, tratou de experimentar a água marinha. "Tem gosto de azeitona", foi o diagnóstico. A enormidade dessas águas salgadas corre riscos. Vem sendo agredida pela ação humana há muitos séculos. Medir a intensidade dessa agressão, como ela caminha através dos tempos mais recentes e a irreversibilidade disso, tem sido assunto em pauta.
O curioso é que sobre os oceanos, com suas imensidões azuis e/ou verdes, muita coisa ainda é desconhecida. O conhecimento sobre tais águas, para lembrar Camões, segue por mares nunca dantes navegados. À deriva.
É sabido que os oceanos ocupam cerca de 60% da superfície do planeta. "Não cantarei o mar: que ele se vingue de meu silêncio, nesta concha." (Drummond). A primeira vez que levei uma concha ao ouvido fiquei assombrado com o som silencioso, mas que lembra o mar, que dali saía. Esse sujeito líquido colossal, comandado por Netuno, parece que quando toma todas, ameaça as regiões litorâneas com uma ressaca irada.
Imagens do belíssimo documentário "Oceanos" |
Na ficção, na poesia, na música, nas artes plásticas... o mar faz e acontece com sua paisagem e seus mistérios. Mar Absoluto, segundo Cecília Meirelles. Mar que quebra em boniteza na praia, para Caymmi. O documentário "Oceanos" (2010), dirigido por Jacques Perrin e Jacques Cluzaud, da Disney, expõe as belezas e estranhezas das águas marítimas com imagens que impressionam pela sutileza dos detalhes e pela infinita dimensão desses ambientes.
Carybé |
Cenas chocantes como vazamentos de petróleo enegrecendo as águas, ou elas, as águas, furiosas produzindo maremotos tsunamis. Lugares nos oceanos onde o lixo despejado se acumula em extensões inacreditáveis. Assistimos a tudo isso com sensações de incredulidade e de impotência. Mundo moderno e doido. Mundo pirado. Há muita pirataria, piratas... e piratas. http://www.youtube.com/watch?v=vtjm51I2NWQ
Lixo do tsunami do Japão que chegou no Alasca |
Rotulados como Piratas do século XXI, grupos de homens entram em ação na Somália, onde a pesca invasora em larga escala, praticada por empreendedores irresponsáveis de países desenvolvidos, extrai a matéria prima dessas águas que pertencem ao país africano, onde a fome mata e faz sofrer. Piratas?
Vista aérea do Parna Marinho Abrolhos |
No litoral baiano, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, despertou atenção de Charles Darwin que visitou a região em 1830. Abrolhos está hoje em risco. A questão é a exploração do pré-sal. O Parque recebe de julho a novembro a visita de cerca de 9,5 mil baleias jubartes que procuram aquelas águas quentes para acasalar e criar seu único filhote. Entre sondas, plataformas, petroleiros... baleias. Será?
Que tal nós dois... |
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