quarta-feira, 18 de julho de 2012

São Gonçalo Beira Rio


Benedito e Gonçalo já foram os nomes masculinos mais comuns em Cuiabá. A força da tradição religiosa da cidade, associada e a simpatia que a população local sempre teve para os santos com esses nomes explicam essa proliferação nominal. Nos tempos ginasiais, hoje chamados de ensino fundamental, um colega de classe bateu o recorde: chamava-se Benedito Gonçalo.


Talvez, na falta de um bairro ou local histórico chamado São Benedito (tirante a igreja), um dos locais que nos emocionam e que gostamos de visitar vez em quando é São Gonçalo Beira Rio. Lugarzinho que parou no tempo e parece desentranhado desses romances sulamericanos que flertam com o realismo mágico. Ou realismo fantástico. O conhecimento acadêmico sobre a literatura, tem horas, faz uma falta lascada.



















É cachorro que late pra gente, é montoeira de lixo no barranqueira do rio, é saneamento ruim... e mais uma coisarada tão comum que depõe contra a imagems desses lugarejos e currutelas da região denominada Baixada Cuiabana. Nosso povo mais simples, que tem humildade no coração e recebe com alegria, ainda precisa, e muito, de orientação e educação, pra fazer vicejar o potencial turístico que aflora onde vive. Mesmo com todos esses defeitos e problemas seculares... "I love you, São Gonçalo".








O lugar é periférico, bem afastado da região central da cidade. Mas, falar da história de Cuiabá e não mencionar São Gonçalo Beira Rio só pode ser coisa de gente fraco da memória. Assim que nem eu. Quantas vezes já li e reli sobre os detalhes do surgimento do primeiro povoado nesse local, às margens do rio Cuiabá, em 1719, e ainda não sei de cor as informações históricas mais básicas. E lá se vão 293 anos que surgiu o lugar. A gente volta lá e o que encontra: um povoado. 


Nada de plantação de soja nas redondezas, nenhum conjunto habitacional "minha casa, minha vida",  e imagina se o VLT, que vem sabe deus quando depois da Copa de 2014, vai chegar em São Gonçalo Beira Rio. Se brincar, não tem nem quitinete lá.  Não sei bem por que, só sei que esses troços que faltam lá, me parece, foram substituídos por aúfa de sarã, aquela árvore que adora beira de rio, por peixe que fica batendo na flor da água e também o tal do biguá, aquele pássaro aquático preto, que pesca como ninguém.








São Gonçalo, gente boa, é outro papo. Tem cururu, siriri, artesanato em cerâmica, peixe frito, assado, mugica (ensopado), doces... e mosquito... Êpa... mosquito é ruim. Borrachudo desgranhento que fica assanhado quando o sol despenca e tchupa sangue da dgente.  Sai pra lá coisa ruim! Bem que pudia ter uma farmácia ou bulichinho pra dgente comprá um repelente e se livrar da mosquitaiada. 





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