A Cidade |
Curto curta. E curti muito "A Cidade" (15'/RS), de Liliana Sulzbach, documentário, o primeiro curta a ser exibido entre os filmes que competem no FestBrasília, na noite de quarta. E depois continuei curtindo: só que o documentário longa-metragem "Kátia" (74'/PI), de Karla Holanda.
Foi o que deu pois fui acometido por uma tradicional cefaleia e retirei-me do Teatro Nacional, onde acontecem as exibições. O que quer dizer que fico devendo textos sobre os curtas "Mais valia" (4'22''/MG), "Vereda" (20'/PR), e o longa "A memória que me contam" (95'/RJ), respectivamente, de Marco Túlio Ramos Vieira, Diego Florentino e Lucia Murat. Anota aí e põe na minha dívida. Afinal dívida é dúvida!
Liliana Sulzbach |
Deficiência lembra discriminação, algo que faz parte do contexto dos dois filmes que assisti. "A cidade", da jornalista e mestre em ciência política Liliana Sulzbach, enfoca a pequena cidade gaúcha Itapuã que já teve 1454 habitantes ao longo de seus 70 anos, contando hoje com apenas 35. O local abriga portadores do mal de hansen, doença que pelo caráter bíblico discriminou seus portadores por séculos e séculos, mas isso já é coisa do passado. Será?
A constatação desse passado sofrido/resolvido o a caminho disso está na espontaneidade e no desprendimento que se verifica na maioria dos depoimentos, fornecidos pelos atuais moradores de Itapuã. E Liliana aproveita com maestria os famosos 15 minutos de fama (a duração de seu filme), nos mostrando um material que incorre em narrativa simples, valorizando as bonitas imagens, os diálogos e até mesmo os cacos do áudio que captou. Um tema, supostamente pesado, que resulta num filme pra cima e emotivo. Daqueles que têm mil e uma utilidades e servem para espectadores de todas as idades, credos, etnias etc. Para rir e chorar. Filmaço!
Kátia e Karla |
"Vi só uma parte do filme... mas não estou nervosa", contou-me. Reparei que a Kátia, em cena, no telão, é exatamente a mesma com quem conversei. Isso é muito importante para que se confira a autenticidade que uma personagem desta natureza requer. A cineasta Karla Holanda conseguiu montar um documentário banhado de simplicidade, sem linguagens sofisticadas ou narrativa diferenciada. E como haveria de fazê-lo, se Kátia, o objeto de seu filme, é uma notável criatura lá do sertão do Piauí e vive numa pequena cidade de pouco mais de oito mil habitantes?
Kátia |
Equipe |
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