Ler é um ótimo exercício para a imaginação. E dizem que funciona como musculação para o cérebro. A verdade é que o hábito de ler bate diferente em cada um de nós. Somos curiosos em relação ao que a neurociência diz sobre os efeitos da leitura.
Porém, vamos combinar que o verbo ler aqui neste post está relacionado exclusivamente com a literatura, embora eu tenha uma amiga que arrasa declamando bulas de remédio. É que quando você lê ficção, por exemplo, acaba interagindo com o escritor. A capacidade imaginativa de quem lê agrega valores ao texto. Enquanto lemos vamos concebendo as imagens codificadas através das palavras. Não sei não, mas isso deve fazer um bem danado pra saúde mental de qualquer pessoa.
Costumo comparar a leitura de um livro com assistir um filme. Não é desmerecer o cinema, mas nessa arte vem tudo prontinho e encaixadinho. A cena está ali pronta, foi concebida, e basta você ver. Não é raro apreciarmos mais o livro, do que quando ele é adaptado para o cinema. Por quê? Porque quando lemos e montamos mentalmente cenários, personagens e situações, estamos utilizando nossas referências pessoais e culturais. Quando por trás de um filme há um grande diretor, de preferência, em estado de “graça”, provavelmente o impacto da arte ali expressa será uma experiência que assume proporções imensuráveis.
Houve um período, nos meus vinte e pouquinhos anos, que morei na casa de tios. Tenho o hábito da leitura desde a alfabetização, praticamente. Lembro-me que quando me deitava na cama com meus livros, algumas vezes, meu tio entrava no quarto e perguntava, por acaso, se eu não estava me sentindo bem. A leitura é como um universo paralelo que convive muito bem com minha vida e outros afazeres. Confesso que a somatória do que já li resulta no fato de eu gostar de usar a palavra e gostar de escrever.
Tenho amigos, também leitores, que não conseguem ler com rapidez. Eu consigo. E isso me ajuda bastante encarar livros e mais livros, um atrás do outro.
Particularmente, minha casa é o melhor lugar pra ler. Leitura requer intimidade e privacidade. Intimidade para consigo mesmo, inclusive. De uns anos pra cá, desenvolvi uma técnica diferenciada de leitura que, acho, rende bem mais. Como tenho o privilégio de trabalhar em casa e moro num bairro calmo, gosto de ler em voz alta. Da mesma forma que meus olhos captam o texto, meus ouvidos também o escutam e, ainda, exercito a oralidade.
Renoir |
Experimentem fazer isso, mas, por favor, façam-no num local reservado e em solidão (ou avisem quem estiver por perto). Porque quem lê, no Brasil, já está meio fora do normal... E se estiver, ainda, "falando sozinho", o risco de ir parar num manicômio torna-se grande. Também preciso fazer uma recomendação antes do ponto final, pra todos que pretendem se aventurar mais e mais na literatura.
Van Gogh |
Aprendam a ser seletivos e busquem qualidade na seleção do que vão escolher para a leitura. Mas, cuidado... Muito cuidado! A maior parte dos grandes escritores é feita de pessoas problemáticas e envolvidas em loucuradas. Isso pode ser contagioso e existe o risco de você sair por aí jogando pedras em vidraças ou nos outros, ou, quem sabe, tornar-se um deles: um escritor. Aí, já viu, né?!
Salvador Dali |
Meus amigos Lourenço e Fátima, viajo nas letras deste blog, que vão além do simples signo linguístico. É um prazer quase orgásmico ler textos inteligentes.
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