Qual é a cara do cinema brasileiro? A pergunta foi disparada aos realizadores que estão com filmes nesta 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, via e-mail. E não é que alguns responderam?
O Tyrannus é um apreciador “pitaqueiro” dessa arte e nossas opiniões sobre este ou aquele filme volta e meia são emplacadas aqui. A emoção que cada título nos provoca e os aspectos técnicos – à base do empirismo, fundamentam nossos comentários.
A partir desta segundona (17), aterrissamos em Brasília a convite da organização do festival. Prometemos marcação cerrada em torno de filmes pré-selecionados e representativos da produção nacional.
São doze títulos de longa metragem, entre documentários e ficção; e mais dezoito (curtas) divididos nos gêneros animação, ficção e documentário. Trinta novos filmes que passarão pelo crivo dos jurados, e que foram produzidos em onze diferentes estados: RJ, PE, SP, PI, MS, MG, PR, GO, SC, DF e RS. Uma boa oportunidade para checar parcela da produção tupiniquim autoral mais recente. Bom, esse negócio de “autoral” é relativo, porém, não há como negar que num festival de cinema, o critério autoral tem mais chances de comparecer do que no circuito comercial, quando o cinema é muito mais indústria e entretenimento do que qualquer outra coisa.
Resumo da ópera: a cara do cinema brasileiro é:
O nosso cinema tem a cara do Brasil. Simples assim. Quando produzido pela grande distribuidora nacional (que divulga seus filmes na própria emissora de TV), costuma ser de pouca ousadia (quase sempre) estética, e fácil trânsito para públicos que preferem obras sem caroços a serem separados na hora da digestão. Quando produzido em "cooperativas" (os coletivos), rende frutos bem mais interessantes, com sabores e cores bem mais diversos (e muitas vezes representando os locais onde foram produzidos), mas com pouco alcance, já que a distribuição se faz complicada sem ajuda do poder do mercado de distribuição, restando quase sempre os Festivais para que ganhem alguma notoriedade "mercadológica". E existe uma terceira parcela que tenta se virar por conta própria (como se fossem nossos autônomos), que em momentos tenta se unir aos grandes para ter chance de divulgação, e por outras batalhas insanamente e solitária. Nosso cinema é muito nossa cara como nação: nos aspectos positivos e negativos. Cid Nader, crítico de cinema (Cinequanon)
O cinema tem mil caras, que dependem da época e do ângulo visto. Hoje, do meu ponto de vista, o cinema parece uma coisa e é outra, parece que vai num rumo e segue outro. O cinema hoje é totalmente "Kátia". Karla Holanda (Kátia, PI, longa/doc).
Kátia |
A cara do cinema brasileiro é do tamanho deste país e por ser tão grande carrega uma diversidade de olhares e visões de mundo muito diferentes, mas contêm em seu centro o que há de mais profundo em seu âmago, fome e cores. Ana Johann (Um filme para Dirceu, PR, longa/doc).
Um filme para Dirceu |
Atualmente, quero acreditar que é a mais plural possível. Marcelo Lordello (Eles voltam, PE, longa/ficção).
Eles voltam |
A cara do cinema brasileiro é o seu povo, não poderia ser diferente. É branco, é preto, é amarelo e cor de rosa. É musical, tem muitas facetas, é novo e novíssimo. Salve Paulo Emílio Salles Gomes, que escreveu sobre a verdadeira importância do nosso cinema pra nossa gente! Allan Ribeiro (Esse amor que nos consome, RJ, longa/ficção).
Esse amor que nos consome |
Felizmente, o cinema brasileiro tem muitas caras. O cinema autoral cresce com diversidade, pois os novos realizadores têm produzido filmes pessoais, que falam em primeira pessoa, de uma maneira honesta e sincera. Sou contra a ideia de valorizar uma escola estética ou alguma fórmula, cada filme deve buscar sua própria identidade. Pedro Severien (Canção para minha irmã, PE, curta/ficção).
Canção para minha irmã |
A cara do cinema brasileiro é desfigurada, ainda bem:). Gabriel Mascaro (Doméstica, PE, longa/doc).
Doméstica |
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