Lygias Pape e Clark |
Se há um nome feminino que respeitamos, porque é muito bonito... e diz muita coisa... é Ligia. Invadiu nossas cabeças nestes dias. As culpadas são duas artistas plásticas que agitaram as artes visuais no Brasil, especialmente, no final dos anos 50. E se junta às duas uma terceira, esta da literatura. Três Lygias, todas com o ípsilon na primeira sílaba: Lygia Clark, Lygia Pape e Lygia Fagundes Telles. Mas não foi pra nenhuma delas que Tom Jobim compôs Ligia.
Lygia Clark (1920-1988) está com uma big exposição em São Paulo. Ela se definia como não artista. O Itaú Cultural expõe 145 obras representativas de todas as fases dessa artista em três andares da instituição. “Lygia Clark: uma Retrospectiva” é o nome da mostra que estará aberta até 11 de novembro.
L. Clark participou ativamente de movimentos como o Manifesto Neoconcreto e por duas vezes esteve na Bienal de Veneza. No início dos anos 50 já praticava o espaço e a materialidade do ritmo em sua criação, fugindo dos limites claustrofóbicos da moldura, uma conversa que rola até os dias atuais. L. Clark nunca foi plenamente aceita e talvez ainda lhe seja devido um reconhecimento maior. Tinha como proposta desvincular o lugar do espectador dentro da instituição Arte. Trabalhando com materiais e concepções diversas, deixou uma obra vasta e significativa, que ainda dá muito que falar.
Lygia Pape (1927-2004), artista que se alinhava com sua xará, a L. Clark, é o objeto de galeria recém- inaugurada no Instituo Inhotim, em Minas Gerais. A Galeria Teteia viaja pela vida de L. Pape, ícone da arte contemporânea brasileira. Um 1960 foi uma das artistas convidadas para a badalada 1ª Exposição Internacional de Arte Concreta, em Zurique, na Suíça.
O ponto de partida de L. Pape foi o abstracionismo geométrico. O concretismo e o neoconcretismo, claro, estão na sua trajetória. Mas a reta final da sua produção também engloba o audiovisual, onde trabalhou com cinema autoral, incluindo produção de cartazes, roteiros e direção. Versátil, passou meses em Nova York com bolsa fornecida pela poderosa Fundação Guggenheim. Com a morte de Hélio Oiticia, trabalhou durante dez anos organizando e divulgando a obra do artista amigo.
Lygia Fagundes Telles nasceu em 1923 e é da Academia Brasileira de Letras. Autora de romances, crônicas e contos, L. Fagundes conquistou inúmeras premiações, entre elas, o Jabuti e o Camões. Ainda adolescente, publicou seu primeiro livro “Porão e sobrado” (contos). Sua obra mais conhecida é o romance “As meninas” (1973), com o qual ganhou o Jabuti, prêmio que voltou a conquistar no ano 2000 com o livro de contos “Invenção e memória”.
No primeiro parágrafo referimos à “Ligia” da canção, romântica de Tom Jobim. E é hora de voltar ao Tom. Lygia Marina Morais, uma professora do Rio de Janeiro, em 1968, conversava com uma amiga num bar em Ipanema quando, de repente, não mais que de repente, aproxima-se e senta-se em sua mesa um dos homens mais bonitos e talentosos do Brasil: Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim.
Lygia, coincidentemente, era professora da filha dele e disse ao artista. Ele riu e depois argumentou: “É a primeira vez que paquera vira reunião de pais e mestres”. Tom Jobim demorou alguns anos para declarar que Lygia Marina tinha sido a musa dessa canção, porque ela era casada com o escritor Fernando Sabino, amigo de Tom. Quando Lygia e Sabino se separaram, Tom, finalmente, confirmou a história.
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