Marcelo Pedroso em seu curta documental "Câmara escura" |
Passada a noite de terça aqui no FestBrasília, onde três curtas e dois longas que competem foram exibidos, minha expectativa, devo dizer, foi correspondida. Parcialmente. Sim, porque apreciei os título mostrados, mas ainda não fiquei babando, estupefato, sintoma característico que me bate quando curto bastante um filme. Curtas-metragens são melhores do que longas, pelo menos porque se forem chatos, terminam mais rápido. Vamos a eles...
Incluindo os cinco títulos exibidos na terça à noite, o que mais me chamou a atenção foi o curta, da categoria documentário, "Câmara escura" (PE), de Marcelo Pedroso. O cineasta explora ideia bastante original e esbarra na ficção. Bate, ele mesmo, em algumas portas da cidade, dizendo que há uma encomenda. Avisa pelo interfone e sai fora rapidinho, deixando uma pequena caixa fechada no portão da casa assediada. Dentro da caixa, uma pequena câmera que irá registrar sons e imagens de quem abri-la. Até certo ponto, parece uma ideia simples, mas, quando se imagina a reação das pessoas, neste mundo paranoico e violento, e no que o desenvolvimento desse roteiro pode dar, é de se esperar que o filme cria seu próprio rumo e vai que vai. Um curta bacana, instigante e divertido...
Dirceu Cieslinski, personagem real, e a cineasta Ana Johann |
Pedro Severien (à dir.) e equipe de "Canção para minha irmã" |
Talvez o melhor da noite, "Um filme para Dirceu" (PR), de Ana Johann. Concorre na categoria documentário, mas há um interessante tratamento ficcional no filme, que narra a história de um gaitero, ou acordeonista, um jovem simples sul-brasileiro, que queria porque queria merecer um filme e consegue isso, graças, principalmente, à realizadora Ana Johann. O resenhista, antes mesmo de começar o texto, já deveria ter registrado o seu desgosto para com o tipo de música praticado pelo personagem central.
Momento terno de "Um filme para Dirceu" |
E impressiona como a diretora conseguiu trabalhar e montar todo esse material de forma bastante razoável. Notável o seu trabalho e o destaque maior, segundo meu entendimento, vai pra ela, por conta dessa labuta. A peruca estilo "pigmalião desestruturado" do cantor sertanejo Teodoro, da dupla Teodoro & Sampaio, claro, também merece menção.
O filme que mais me agradou: "Eles voltam" (PE), ficção dirigida por Marcelo Lordello. Dois irmãos adolescentes pentelhos estão enchendo o saco de seus pais dentro de um carro, numa provável viagem. O pai estaciona o veículo e ordena a retirada da dupla e 'foge' com seu veículo. Uma situação pouco provável na vida real... O que? Tem certeza? Se você tem filhos, deve saber o quanto isso seria inadmissível, mas também o quanto dá vontade de fazê-lo em determinadas situações. Esse é o ponto de partida do longa de Lordello.
Marcelo Lordello fala sobre "Eles voltam" antes da exibição |
Olha, texto longo demais já à esta altura. Não vou dizer que esta primeira noite de mostras competitivas já me bastaram, mas arrisco que a coisa começou bem. E tá bom por hoje. É o momento exato de buscar o ponto final. Mas... mais, é o que eu quero. A vida não é feita de festivais, mas quando eles acontecem, procurar é um filme perfeito é uma boa missão. Inté!
O curta de animação "Linear", de Amir Admoni |
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