quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Propaganda (a)política


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Aproveitar o tempo em que as pessoas estão completamente sem nenhuma possibilidade de fuga, absolutamente estagnadas pelos engarrafamentos ou nos semáforos, de bobeira em seus veículos ou nas janelas dos ônibus, para propagandear ou vender algo. Pode surtir algum efeito  e é uma atividade corriqueira nos centros urbanos brasileiros. Seria isso uma indústria, ou um serviço? Se quer saber, se vire, porque estamos empatados contigo nessa: não sabemos. O que sabemos é que a (i) mobilidade urbana brasileira está na moda. E está parada, ou, quando anda, é devagar, quase parando. 


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"Só acredito no semáforo...", é o verso da canção do Vanguart, a banda cuiabana que se radicou em Sampa faz horas. Semáforo, é música que colocou o grupo nas paradas, é das antigas. Acho que é uma canção/premonição, pois previa que iriam enfrentar o caótico trânsito da pauliceia, um dia. Se fosse hoje, talvez, a música se chamasse "Farol", porque é assim que denominam o sinal de trânsito lá na metrópole brasileira.

Olha, nós também acreditamos no semáforo. Experimente você não acreditar nele pra ver a intensidade da merda que pode surgir. Mas, diante de um semáforo, nesta semana, vimos algo inacreditável. E nós que pensamos que havíamos visto de tudo em campanha eleitoral! O sinal ficou vermelho, paramos antes da faixa de segurança. Estávamos no centro mais centrão de Cuiabá, com o sol a pino urrando. 


Malabaristas, ambulantes, pedintes, panfleteiros, flanelinhas... São alguns tipos que nos abordam quando parados no trânsito. Uma água gelada, ou dar/jogar panfletos promocionais pela janela, filantropias etc e tal. Verde que te quero verde! Mas, nada disso nesse dia. De repente, “meu Deus o quê que é isso?” Quatro mulheres paramentadas estranhamente na esquina invadem rapidinho a faixa de segurança e eis que se ouve um som (acho que aquele funk de péssima qualidade) amplificado. O quarteto feminino se põe a movimentar estranhamente, é uma coreografia? (se é que se pode chamar aquilo de coreografia). 



Cada uma veste uma caixa quadrada (?) transparente, montadas com garrafas pets (a ideia é mostrar que o candidato tem um discurso antenado/afinado com a questão ambiental). A caixa fica na altura do quadril e é presa por suspensórios.  Bob Esponja... Bob Esponja... Esse deve ter sido o personagem inspirador da estranha performance. Quando dão as costas para os incautos pode-se ler o número e o nome do criativo candidato.   


Não consigo ou não ouso emplacar aqui um adjetivo para descrever a cara de espanto da carona, tão pouco a minha. Respeito é bom... elas estão lá ganhando honestamente alguns trocados na barbárie que é a campanha política no Brasil.  Constrangedor, pra falar a verdade. Depois, passado o impacto inicial, nos divertimos com nossos próprios comentários, embora, seja doloroso ver cidadãs protagonizando algo tão... tão... tão deixa pra lá.

Mas, que droga... logo agora que já estávamos acostumados, nós e nossas mentes e olhos, a não dar a mínima para os cavaletes que ficam espalhados pelos espaços públicos da cidade!   

Radar de Ryoju IKeda (Oir) 

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