Omar é natural de Poços de Caldas, mas como bom mineiro, está radicado no Rio há um tempão. Bom de conversa, esforça-se para explicar os conceitos e razões de sua arte, que ele classifica como pós-contemporânea. A frase aspada que abre o parágrafo acima demonstra sua forma de captar as imagens. Ele deixa a câmera em automático e manda ver, sem saber no que vai dar. Conta que enquanto empunhava a máquina para produzir o material desta mostra, alguém achou estranho e indagou: “Mas afinal, o que você está fotografando?”. Aí Omar saiu com a conversa das tais águas profundas.
Seja inspirando, seja complementando o raciocínio do artista, escritores como Aldous Huxley (autor de livro homônimo à mostra) e William Blake, que era poeta e artista plástico, estão inseridos no contexto. “Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito”. Entender esta frase de Blake que, convenhamos, não é tão difícil assim, é o espírito ideal para penetrar nas imagens inventadas por Omar. O resto fica, ou pode ficar, por conta de cada um.
Transitar pelo terreno da arte e falar livremente e com segurança sobre que diabo de troço é isso, eu não diria que estou habilitado a fazer. Imagina, então, sobre a arte pós-contemporânea. Deus que me livre, ou me ajude. Sabemos que tudo que é incomum e que não estamos acostumados a ver causa estranheza. Se essa sensação do estranho vier misturada com beleza, aí rola estranheleza. Gosto dessa palavra que não sei se vi da parte do Lewis Carrol, do Joyce... ou teria sido do Arrigo Barnabé?
A Oi tem um braço cultural forte e com uma pegada que chuta o tempo pra frente, não por acaso, denominada Oi Futuro. Através de um convite dessa empresa conheci a foto/arte de Omar. Eu e um grupo de jornalistas que vieram do Maranhão, do Piauí e de Mato Grosso do Sul. Tivemos acesso a outras armações sob o patrocínio da empresa. Uma exposição do chargista mineiro Duke que, além de bem jovem, tem um trabalho muito interessante. Seu traço é fino é bem humorado e às vezes mais dramático. E o Museu das Telecomunicações, com aparelhos e geringonças - dos tempos do onça e outras modernosas, foi parada obrigatória.
Toda essa maratona rolou num dia só e na noite anterior presenciamos a premiada peça “R & J de Shakespeare – Juventude Interrompida”. Comentei no post anterior que tenho receios e medos de teatro. Não vou dizer que não gostei desse Shakespeare by século XXI. Confesso que em alguns momentos perdi o interesse. Mas, quem sou eu pra dizer alguma coisa, se até a Bárbara Heliodora elogiou a encenação? Ah, já sei... posso dizer que o teatro, talvez, seja a arte que menos me atrai. Por enquanto só isso, digo. E sei que as artes alimentam o espírito. Acredito. Voltei de BH nutridaço. Mas pronto pra outra overdose.
A Oi tem interesse em apoiar projetos procedentes e/ou que contemplem positivamente o marketing da empresa. Foi por aí a fala de Maria Arlete Gonçalves, a poderosa que comanda a área cultural, que saiu do Rio para acompanhar o grupo em Belô. E assim foi. Fica aqui registrado o relato do discreto charme do Tyrannus lá pelas bandas das Gerais.
As fotos decentes são dela, Bárbara Dutra |
Márcia Mineira, da Casa da Índia: o reencontro |
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