terça-feira, 8 de maio de 2012

Histórias de peso


Houve um tempo em que tínhamos horror aos filmes produzidos para a televisão, os chamados teleplays. Tem dó, porque a programação das TVs abertas era especializada em enlatados americanos. Daí a ojeriza. Mas, os tempos mudaram. Hoje a TV é parceira da sétima arte, ainda mais com essa tecnologia digital, em níveis de produção e de exibição. Claro que o telão do cinema é imbatível, mas o cineminha em casa também vale e apresenta algumas vantagens.

Ontem assistimos um teleplay desses modernos. Na busca de referências vimos que o filme foi premiado em festivais importantes, como o Sundance-USA (2009), consagrando a direção e o roteiro. Arrasou aqui em casa, deixando nossas emoções à flor da pele. E o post de hoje se transforma num pacote cinematográfico, porque um instigante filme brasileiro também pinta na conversa de hoje.



“Rastros de Justiça” (2009), produção britânica/irlandesa, dirigida por Oliver Hirschbiegel, narra um assassinato histórico motivado por conflitos religiosos em 1975, e seu desdobramento trinta anos depois. Na primeira parte o filme é baseado na realidade, enquanto na segunda, mostra um suposto reencontro do assassino com o irmão da vítima, situação explorada por uma emissora de televisão bem naquele estilo “queremos audiência e o resto não interessa”.




No elenco o versátil Liam Neeson, bastante conhecido por inúmeras performances nos mais variados filmes, alguns, inclusive, de qualidade duvidosa. Não é este o caso. Mas quem rouba a cena é outro ator, James Nesbitt. Um profundo drama existencial que tende a envolver qualquer telespectador. O filme joga uma batata quente em nossas cacholas, esbarrando em questões como idealismo, vingança, justiça, superação e perdão, temas que são autênticos tabus para o ser humano. Aqui no ninho do Tyrannus temos a mania de tentar adivinhar como os filmes vão terminar. Este, apesar de não ter um final imprevisível, apanhou-nos de surpresa.

Nesbitt, Hirschbiegel e Neeson

O outro filme, um brasileiro, “O Céu Sobre os Ombros” (2010) é show, também explora dramas existenciais. Três personagens totalmente díspares, cujas histórias não se entrelaçam, são expostos numa narrativa que mistura drama com ficção. Parecido com o filme anterior. Mas o que é ficção e o que é realidade nesta obra de Sergio Borges, não fica claro. E nem precisa.

Edjucu Moio

Murari Krishna


Everlyn Barbin
Produzido pela Teia, um coletivo audiovisual, sistema que costuma baratear custos, o filme vai mostrando com rigor os aspectos mais humanos e recônditos de seus personagens: um escritor que nunca terminou nenhum texto e não trabalha; um religioso hare khrisna, líder de torcida de futebol e que trabalha de  atendente de telemarketing; e um(a) transexual que faz mestrado,  dá aulas sobre sexualidade e se prostitui. Respectivamente Edjucu Moio, Murari Krishna e Everlyn Barbin. A narrativa, um pouco arrastada a princípio, vai se intensificando, graças ao desempenho dos atores e da própria montagem, assim como o nosso interesse.       



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