domingo, 27 de maio de 2012

Janelas abertas

Nada na cabeça. Um vazio tão grande que pode provocar, dependendo da força, deslocamentos de ar causando uma tempestade de vento, um tufão...furacão. Tudo cinza. Melhor assim... Como deve ter sofrido a Medusa com aquele monte de cobras dependuradas. Silvando, sibilando em seus ouvidos. Cada cabeça uma sentença.
Nem minhoca, nem piolho nada de seres macroscópicos perambulando nesse planeta seborréico. Tamo numas de mula sem cabeça desembestada soltando fogo pelas ventas!
Mas... mas, falando em cabeça, fuzilou algo. Assim como uma faísca, na memória enevoada. Dois trabalhos musicais que curtimos à beça: “Dança das Cabeças” (Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos) e “Cabeça Dinossauro” (Titãs). E mais duas músicas que fizeram a cabeça da nossa geração: “Bicho de Sete Cabeças” (Geraldo Azevedo) e “Janelas Abertas nº 2” (Chico Buarque).

“Dança das Cabeças” é de 1976, fruto da parceria de Egberto e Naná Vasconcelos que estão entre os melhores instrumentistas brasileiros. O disco, quase todo instrumental, viaja para contar a história de dois rapazes vagando por uma floresta densa, úmida e cheia de insetos. Mantendo 180 passos de distância entre eles. O trabalho catapultou ambos ao estrelato internacional.
Ter ouvido o LP era garantia absoluta que você era um cara cabeça. Imagina possuir! Cabeça era pouco: cult. Status quo garantido! Nessa época tínhamos fissura ou neurose pela palavra cabeça. Era gente cabeça, papo cabeça, filme cabeça e uma fazeção de cabeça... sem fim!



Dez anos depois os Titãs aparecem com o álbum “Cabeça Dinossauro”, que abalou as estruturas, num momento muito propício. Mudanças políticas e sociais pipocavam no Brasil e no mundo. Nosso palpite é que esse foi o melhor trabalho dos Titãs. O grito primordial sem amarras!


E sete anos foram necessários para Itamar Assumpção lançar de pancada Bicho de Sete Cabeças I, II e III. A voz, o suingue e a genialidade do pretobras mais pretobras do Brasil. Cabeça tá mesmo com tudo na música brasileira.


Este post cabeça foi maturado numa pergunta trivial que rolou, quando assuntávamos o assunto domingueiro. “Tem algo pra gente escrever hoje? Tem alguma coisa na cabeça?”. “Nem minhocas...”. A resposta na lata deu nesse papo cabeça.

Um comentário:

  1. salve ulisses, bem vindo ao tyrannus, obrigado. vamos invadir a sua área blogueira e seguiremos suas pistas...
    abraços
    tyrannus

    ResponderExcluir