Tem muita coisa que não vimos, não ouvimos e nãosabemos no mundo... Algumas são fáceis de ser assimiladas. Outras, nem tanto... Demoramos a descobrir a beleza, a genialidade e a amplitude que elas oferecem para que outras criações mais livres e libertas possam acontecer... É o caso da arte, da dança de Pina Bausch.
Damien Hirst |
polemiza com sua obra |
Por isso, é imprescindível assistir Pina Bausch de Wim Wenders. Aliás, um tributo do diretor alemão a esta fenomenal artista: “Pina”. É importante dizer que Wim Wenders é um cara que merece a nossa gratidão. Ele vai fundo nos seus projetos e desvela ao mundo, com sua ficção e seus documentários, artistas e sua arte que por um motivo ou outro seriam difíceis conhecer e acessar.
Wim Wenders |
Um deles é “Buena Vista Social Club”. Músicos cubanos de antes da revolução naquele país, que trabalhavam nos grandes cassinos, depois perderam seus empregos, foram envelhecendo e esquecidos. Wim Wenders resgatou esses excepcionais e talentosos músicos e deu-lhes o mundo de presente. Na verdade, nos presenteou. Uns já com idade avançada curtiram pouco esse estrelato em escala mundial, outros ainda correm o mundo, apresentando a dançante, caliente e romântica música cubana.
A dança de Pina Bausch parece mais difícil de ser apreciada do que a música do Buena Vista, à primeira vista. À medida que vamos assistindo os bailarinos desenvolverem coreografias, que nada lembram a delicadeza do balé clássico, com gestos enérgicos (e suaves), de precisão milimétrica e de uma racionalidade impressionante, nos deixamos tocar e levar pela magia dos movimentos tridimensionais criados por Pina. Não por acaso, o documentário é em 3D.
Aquele filme que extasia o espectador. Aquelas imagens que depois que a gente vê passa a ter certeza de que nunca mais seremos os mesmos. Pina nasceu na Alemanha em 1940 e morreu em 2009, cinco dias após ter seu câncer diagnosticado e dois dias antes de Wenders começar as gravações de sua biofilmografia.
“Pina” intercala imagens da dança e da ambiência de sua companhia com depoimentos de seus bailarinos. Uma das bailarinas confessa que sua timidez a fazia se esconder de Pina em cena, sempre que possível. “Por que você se esconde de mim, porque tem medo... Eu nunca te fiz nada?”, indagou a coreógrafa à bailarina.
Reza a história de que o domínio e o entendimento de Pina Bausch em torno da arte da dança lhe permitia explorar a potencialidade de cada integrante de seus comandados, adaptando as coreografias de acordo com as características de cada um. É a arte em estado de sublimação.
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