quarta-feira, 23 de maio de 2012

Calcanhar de aquiles

Será o Benedito!!!!
A língua tem poder! E em todos os sentidos. Escolhemos falar da língua enquanto idioma, mais precisamente, nos artifícios que utiliza para enfatizar ou para designar coisas ou situações. O uso dos nomes de pessoas com essa finalidade é fato que remonta aos tempos... “tempos de Jó”!

E esses ditos usando nomes vão passando de geração pra geração. Uns caíram em desuso, como “tá de chico". Essa era a maneira de dizer que alguém estava menstruada. Menstruar era palavrão, não se dizia publicamente. Verdade mesmo é que nem sabiam a palavra a ser empregada. Era paquete mesmo.   

A malandragem enriqueceu as expressões ancoradas em nomes de pessoas, que saímos por aí a repetir. E repetimos e vamos passando pra frente, mesmo sem saber muito bem como se sucedeu a origem da coisa. Todo cuidado é pouco ao usar essas expressões que podem soar pejorativas ou até ofensivas se dita perto de alguém que leva o nome utilizado na expressão.



E depois, fica também redundante. Ora, você chegar pra um conhecido chamado Manuel e dizer que ele está dando "uma de mané". Cheira a pleonasmo. E pode rolar uma encrenca. Um desafeto. Se você tiver um raciocínio rápido, tente engambelar e troque “mané" por “zé prequeté”.  

Mas, voltemos às contribuições da malandragem que associa os nomes a golpes, trapaças e atitudes afins. Cá pra nós, dá pra imaginar: “dar uma elza", “dar uma de migué” ou de “joão sem braço”. Têm significados idênticos ou quase isso. E pode até ser um “joão ninguém” a dizer isso, que saberemos do que se trata. E a imaginação voa quando pensamos nas possibilidades.

Tétis mergulha Aquiles no Estinge para deixá-lo invunerável,
mas não larga do calcanhar!

“Puxar o juca” e “chamar o raul”, acreditamos que por motivos onomatopaicos, significam ‘dar comida pra cachorro. Expressão que remete ao ato de vomitar. Tem gente que só de ver os outros vomitando, sente vontade de fazer o mesmo. A esse tipo de pessoa chamamos de “maria vai com as outras”.

Inês... "que depois de ser morta foi rainha" (Camões)

Essa conversa vai tendendo a não ter fim. Ficamos com a sensação de que deixamos algo mais que caberia aqui. Chega de “cercar lourenço”. “Inês é morta”... bye bye. A todos que sentirem que ficamos devendo, avisamos: põem “na conta do abreu”.

A versão feminina do "joão sem braço"

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